África tem condições para ser celeiro do Mundo
Bissau, 13 Mai 16 (ANG) - O continente africano, com metade das terras do mundo não cultivadas adequadas para a produção de alimentos, e responsável por apenas dez por cento da produção agrícola global com um quarto das terras aráveis do mundo, pode ser, com mais investimento, o celeiro do planeta.
Esta é a conclusão a que chegaram Chefes de Estado e empresários africanos, e mais 1500 delegados de instituições globais e regionais que participaram na quarta-feira, em Kigali, Ruanda, no Fórum Económico Mundial sobre África, que decorreu sob o lema “transformação digital”.
Os dados foram divulgados pelo presidente do Fundo Internacional para o Desenvolvimento de África (FIDA), Kanayo Nwanze, que acrescentou que a população africana cresce anualmente 2,7 por cento e a procura de alimentos no continente deve duplicar a cada 30 anos.
Para maior e melhor aproveitamento das terras aráveis africanas, Kanayo Nwanze defendeu um trabalho conjunto para aproveitar o potencial do continente e investir nos pequenos agricultores, “a espinha dorsal da agricultura africana”.
Kanayo Nwanze falou em “oportunidades sem precedentes” para o continente, propôs mais investimentos em áreas rurais para atingir as metas de desenvolvimento e reduzir a pobreza, e o que considera “investimentos certos a ocorrerem nos próximos cinco anos” que “podiam duplicar a produtividade agrícola africana”.
Mais investimentos na agricultura podiam poupar 35 mil milhões de dólares anuais em importações e este valor podia acelerar o desenvolvimento económico de África, disse.
Os investimentos “por si só não vão transformar o continente”, pelo que é necessário que os países africanos “promovam políticas e incentivos para estimular a produção dos pequenos agricultores”, concluiu Kanayo Nwanze.
O Banco Mundial também apresentou quinta-feira um estudo que revela que mais investimentos dos Governos africanos em redes de segurança social, para reduzir a dependência dos recursos naturais e no capital humano e físico podem reduzir a longo prazo os efeitos da seca em África.
O estudo “Confrontando a seca em terras áridas de África: Oportunidades para aumentar a resistência” propõe uma série de medidas para reduzir o impacto do fenómeno em cerca de metade e cujos resultados, anualmente, eram 5 milhões de pessoas fora de perigo nas áreas mais pobres de África.
Apresentado em Dakar, capital do Senegal, o estudo diz que grande parte da população em zonas áridas vai continuar vulnerável ao fenómeno em 2030, razão pela qual recomenda a criação de redes de segurança social e mais investimentos no capital humano e físico “para facilitar a transição gradual para uma sobrevivência menos dependente de recursos naturais”.
O documento foi elaborado com a ajuda de governos africanos, organizações regionais e multilaterais de desenvolvimento, institutos de pesquisa e ONG, que forneceram dados sobre as medidas para reduzir a vulnerabilidade e aumentar a resiliência das populações em áreas áridas de África.
Os estudos do Banco Mundial e do Fundo Internacional para o Desenvolvimento de África foram divulgados após um relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) prever que depois de um período de forte crescimento económico a África Subsaariana vai enfrentar o segundo ano consecutivo de dificuldades.
O relatório do FMI demonstra que no ano passado o crescimento da África Subsaariana caiu para 3,5 por cento, o nível mais baixo dos últimos 15 anos, e prevê para este ano um crescimento de 3 por cento, metade da média de 6 por cento conseguida na última década.
A crise no preço das matérias-primas atingiu fortemente muitos países da África Subsaariana, refere o estudo e acrescenta que apesar da recente recuperação do preço do petróleo, os valores continuam 60 por cento abaixo dos níveis de 2013, algo considerado “sem precedentes” pelo FMI.
O estudo, que salienta que o crescimento de médio prazo na África Subsaariana é favorável devido a melhorias nos negócios e a demografia favorável, recomenda a redefinição de políticas para que esse potencial seja alcançado.
Nos países exportadores de matérias-primas, o FMI recomenda uma resposta imediata para prevenir desordens de ajuste.
Os países da África Subsaariana, é referido no documento, necessitam conter o défice fiscal e construir uma base de impostos.
Apesar destas medidas poderem evitar crescimento a curto prazo, o FMI acredita que novas políticas fiscais são necessárias para a região alcançar todo o seu potencial económico.
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