China e EUA trocam acusações
Bissau, 16 Mai 16 (ANG) - As recentes trocas de acusações entre China e
Estados Unidos sobre um plano de modernização e aperfeiçoamento do Exército
chinês, empreendido por Pequim, voltam a ensombrar as relações entre as duas
potências mundiais.
Numa altura em que também aumenta a tensão pelo
controlo de algumas ilhas no Mar da China Meridional por parte da China.
Ao acusar o Pentágono de distorção de factos no seu
relatório anual, o Ministério da Defesa da China refere numa nota divulgada
domingo que a reforma do seu Exército anunciada no ano passado tem fins
pacíficos.
Em declarações divulgadas pelos veículos de
comunicação oficiais, o porta-voz de Defesa chinês, Yang Yujun, expressou o
“descontentamento” que gerou no país um documento que, segundo sua opinião,
interpreta mal o desenvolvimento militar da segunda maior economia mundial.
“A China tem uma política de defesa nacional que é
defensiva por natureza. Movimentos como o aprofundamento das reformas militares
procuram manter a soberania, a segurança e a integridade territorial e garantir
o desenvolvimento pacífico da China”, disse Yang.
No seu relatório, apresentado na sexta-feira passada,
o Pentágono alertou que a modernização do Exército de Libertação Popular (ELP)
chinês “tem o potencial de produzir uma capacidade (militar) que reduza as
vantagens tecnológicas militares dos Estados Unidos”.
O porta-voz chinês acusou o Departamento de Defesa
americano de exagerar uma potencial “ameaça militar chinesa”, depois de o
Presidente do país, Xi Jinping, ter anunciado em Setembro do ano passado uma
ambiciosa reforma para modernizar o ELP e reduzir o seu pessoal em 300 mil
homens, para deixá-la em dois milhões.
O Ministério de Defesa chinês garantiu que esta
reforma, que também põe fim às actividades não estritamente militares do ELP e
espera-se que termine em 2020, não vai afectar a natureza “defensiva” das suas
políticas.
O relatório do Pentágono afirma que a China está
disposta a utilizar “tácticas ao limite do conflito” e levar a tensão a altas
cotas, especialmente nas suas disputas marítimas no mar da China Meridional -
contra Filipinas, Malásia e Vietname - ou no mar da China Oriental - contra o
Japão.
As disputas sobre a soberania de vários arquipélagos
situados nessas áreas recrudesceram nos últimos anos, nos quais a construção de
instalações por parte da China que, segundo Pequim, têm fins civis e, segundo
Washington, militares.
O porta-voz chinês afirmou que são os EUA que enviaram
aviões e navios de guerra para o mar da China Meridional, provocando uma
“militarização” que, na sua opinião, tem objectivos “hegemónicos”.
A China é o segundo país que mais gasta em Defesa do
mundo, atrás dos EUA, e o seu orçamento militar para este ano é de cerca de um
trilião de iuanes (pouco menos de 150 mil milhões de dólares), quase uma quarta
parte dos 585 mil milhões destinados a este sector pela potência americana.
ANG/JA
Sem comentários:
Enviar um comentário