Pedidos de ajuda de imigrantes lusófonos dispararam
Bissau, 24 Nov 16 (ANG) - Associações de apoio a imigrantes lusófonos nos Estados
Unidos e gabinetes jurídicos que trabalham com estas comunidades dizem que os
pedidos de ajuda dispararam desde a eleição de Donald J. Trump e que muitos
imigrantes receiam ser deportados.
"As pessoas não estão com
medo. Estão apavoradas. Perguntam se devem sair de casa, veem carros no seu
bairro e acham que são suspeitos. Em tantos anos nos Estados Unidos, nunca vi
nada igual", disse à Lusa Ana Oliveira, dona de um gabinete de consultoria
jurídica em Newark, no estado de Nova Jérsia.
A Aliança de Falantes de
Português de Massachusetts (MAPS), uma associação com seis escritórios que
apoia sobretudo imigrantes portugueses, brasileiros e cabo-verdianos, diz que
tem "notado muita preocupação entre os clientes sobre o que a eleição de
Donald Trump poderá representar".
"Nos meses anteriores às
eleições, notámos um aumento de cerca de 30% no número de candidaturas à
cidadania, aumento que atribuímos, embora sem factos que o comprovem, não só à
vontade dos nossos clientes em participar nas eleições, mas também de assegurar
os seus direitos e prevenir deportações ou outras sanções que possam vir a ser
implementadas", explicou à Lusa o diretor executivo da MAPS, Paulo Pinto.
Após a vitória, Trump anunciou
que vai dar prioridade à deportação de até três milhões de imigrantes com
histórico criminal, um recuo em relação ao seu discurso de campanha, quando
disse que mandaria embora os cerca de 11 milhões que vivem hoje em situação
irregular no país.
Um dos motivos de maior
preocupação é a promessa de "terminar imediatamente" com as ações
executivas de Barack Obama para a imigração, incluindo o DACA (Deferred Action
for Childhood Arrivals), uma medida de 2012 que protege da deportação e dá
autorização de trabalho a pessoas que foram trazidas para o país ainda em
crianças, algo que o Presidente pode fazer sem autorização do Congresso.
"Estas pessoas confiaram no
Governo e entregaram todas as suas informações. Sentem-se agora muito
vulneráveis. O Governo sabe tudo sobre elas, sabe onde as encontrar, e sabe a
informação dos pais. Toda a família está em risco", disse.
Ana Oliveira representa uma
família de portugueses cujos pais chegaram aos Estados Unidos com uma criança,
agora protegida pelo DACA, e desde então tiveram dois filhos, cidadãos americanos.
"Eles sabem que o Governo
tem a sua informação e que estão cá sem documentos. Para eles, e outras tantas
famílias como eles, o medo de ser deportado é enorme", acrescentou.
A especialista disse que por
agora ainda não se sabe exatamente o que a nova administração irá fazer, e que
por isso tem passado os dias "a pedir às pessoas que tenham calma" e
entregando uma lista dos passos que devem tomar.
"Devem renovar os
passaportes do país de origem e, caso os filhos não tenham, pedi-los. Devem ter
algum dinheiro de parte em caso de emergência. Se tiverem família americana,
devem pedir que façam o pedido de legalização, para ter algo que possam mostrar
em caso de serem chamados por um juiz de imigração", explicou.
A MAPS também prepara uma série
de iniciativas para acautelar o futuro destes imigrantes.
"Iremos redobrar o nosso
esforço de educação sobre a importância do processo de naturalização, com
sessões informativas sobre imigração ao longo do ano, apoio gratuito ao
preenchimento dos formulários de candidatura e campanhas de publicidade
incentivando a obtenção da cidadania americana", disse Paulo Pinto. ANG/Inforpress/Lusa
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