Bouteflika
concorre ao 5° mandato com 81 anos
Bissau, 14 fev 19 (ANG) – O presidente argelino
Abdelaziz Bouteflika, com 81 anos de idade, no poder desde 1999 e cuja saúde
está muito debilitada, é candidato a um 5° mandato nas eleições de 18 de Abril,
cujas candidaturas terminam a 3 de Março com, neste momento, apenas dois outros
candidatos em liça.
Bouteflika é tido como o
candidato hiper-favorito, apesar dos seus 81 anos, de estar
paralisado, em cadeira de rodas e quase mudo desde que sofreu um AVC em 2013.
A sua candidatura que põe termo à onda de especulações
devido precisamente ao seu silêncio, foi apresentada domingo (10/02) em comunicado à Nação, e
confirmada pelo seu partido a Frente
de Libertação Nacional - FLN - num mega comício no estádio de Argel, defendendo
Bouteflika como o homem que conseguiu impor a paz civil ao cabo de mais de 10
anos de sangrentos confrontos e que não precisa de fazer campanha porque "o povo o conhece".
Mas desde 2 de Fevereiro além da FNL, três outros
partidos tinham anunciado apoiar Abdelaziz Bouteflika : a Uniao Nacional Democrática,
Movimento Popular Argelino e Tadjamoune Amel El Djazair.
Na sua mensagem, Bouteflika admite "não
possuir a mesma força física do que antes, mas tem a vontade inabalável de
servir a Pátria, o que lhe permite transcender as debilidades ligadas aos seus
problemas de saùde".
Promete, em caso de eleição, "convocar uma conferência nacional inclusiva, reunindo
todas as forças políticas, económicas e sociais da Argélia, no intuito de
estabelecer um consenso sobre as
reformas e mudanças necessárias...que poderão culminar numa alteração
da Constituição", como aliás já o tinha prometido quando foi
reeleito em 2014.
O Presidente cessante defende, entre outros, uma maior
presença dos jovens nas instituções políticas, a sua vontade de vencer o
flagelo da burocracia e de implemantar mecanismos de democracia participativa,
ou ainda reformas económicas sem pragmatismo.
No poder
desde 1999, e sempre eleito com mais de 80% de votos o que tem sido
sistematicamente denunciado como fraude pela
oposiçao, as poderosas Forças
Armadas, são o verdadeiro
pilar que sustenta Bouteflika e sobretudo o seu Chefe de Estado
Maior, general Ahmed Gaïd Salah, que sempre se negou a opor-se a um quinto
mandato presidencial.
Já a campanha eleitoral em 2014 foi marcada pela
ausência total de Bouteflika, incapaz de se dirigir aos seus apoiantes, o
antigo primeiro-ministro Abdelmalek Sellal será pela quarta-vez consecutiva o seu director de
campanha, depois de 2004,2009 e 2014.
Para os seus defensores, Bouteflika foi o artesão do
regresso à paz na Argélia, após 10 anos de confrontos sangrentos e com a subida do preço do petróleo entre 2004 e 2014 ele
lançou importantes programas de infraestruturas
e reduziu para 2% do PIB a dívida externa da Argélia, mas este seu
quarto mandato foi marcado pela baixa do preço do petróleo e o desemprego
atinge um terço dos jovens com menos de 25 anos.
A data para apresentação de candidaturas termina a 3
de Março mas do lado da oposição
para quem Bouteflika está inapto a conduzir os destinos do país,
conhecem-se apenas para jà dois candidatos: Abderrazak Makri líder do Movimento da Sociedade para a Paz -
o principal partido islâmico - e o major-general
na reserva Ali Ghediri, apoiado pelo Movimento Mouwatana - Cidadania
Democracia - que integra a União para a Mudança liderada por Zoubida Assoul.
O seu principal adversário em 2004 e 2014 e seu
antigo-primeiro ministro Ali
Benflis ainda não se pronunciou sobre uma eventual candidatura, nem
tão pouco o seu partido Vanguarda das Liberdades.
Para alguns analistas, esta quinta candidatura de
Abdelaziz Bouteflika designado pleos seus apoiantes como "o líder bem
amado" é um mero artifício destinado
a dar tempo à nomenclatura civil e militar para preparar a sucessão de
Bouteflika e entretanto se apoderar das riquezas da Argélia que é o 3° produtor de petróleo em
África e o 9° de gás a nível mundial.
A última vez que Bouteflika apareceu em público foi a
1 de novembro de 2018. ANG/RFI
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