terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Política


Bissau,19 Fev 19(ANG) - O Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, disse segunda-feira que desistiu de visitar a Guiné-Bissau em véspera das legislativas porque houve “reservas” quanto à deslocação, considerando injustas as críticas que recebeu do partido Madem G-15, no arranque da campanha eleitoral.

Soares Sambú, dirigente do Movimento de Alternância Democrática (MADEM-G15) e antigo chefe da diplomacia guineense, criticou no sábado, num comício em Bafatá, leste da Guiné-Bissau, o facto de Jorge Carlos Fonseca, que é também presidente em exercício da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), recusar visitar o país com receio de a sua viagem poder perturbar a campanha eleitoral.

“Não creio que seja uma observação justa”, respondeu hoje o Presidente cabo-verdiano, após uma visita à sede da CPLP, em Lisboa.

“Naturalmente que eu ponderei ir a Bissau [na qualidade de presidente em exercício da CPLP] antes da realização das eleições, mas sempre disse que, no contexto que se vive neste momento, a ida do presidente de Cabo Verde na qualidade de presidente em exercício da CPLP exigia que esta visita constituísse uma mais valia do ponto de vista da ajuda à solidez do processo eleitoral”, disse Jorge Carlos Fonseca, adiantando que “se houvesse algumas reservas” e “diferenças de opinião” sobre a utilidade da mesma seria preferível cancelá-la para “não prejudicar o processo eleitoral”.

Jorge Carlos Fonseca destacou que a CPLP “acompanha o processo eleitoral através de contactos diferenciados”, através dos quais se apercebeu de que não havia consenso quanto à visita.

Apontou reservas a “alguns setores da opinião publica” e ao presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, segundo o qual a visita “poderia ser mal interpretada” e embora “outras vozes” considerassem que a visita seria bem-vinda “e contribuiria para um desenrolar pacifico das eleições, entendeu que “as vozes” não estavam todas “em consonância”.

“Eu quis evitar que pudesse constituir um fator de perturbação ou de conflitualidade quando o pressuposto inicial era que a visita pudesse ser um fator de ajuda, de cooperação”, sublinhou o chefe de Estado.

Jorge Carlos Fonseca salientou que “o essencial é que o processo eleitoral decorra com normalidade” e que as eleições sejam reconhecidas como “livres e justas” pelos atores políticos guineense, acrescentando que o assunto foi abordado na encontro de hoje com o secretário-executivo da CPLP, o português Francisco Ribeiro Telles, e todos os representantes permanentes da organização.

“Trocamos impressões sobre processos eleitorais terminados ou em curso no seio da nossa comunidade, concretamente a Guiné-Bissau, e sobre o acompanhamento por uma missão de observadores da CPLP”, afirmou aos jornalistas.

Na agenda estava também o programa da presidência cabo-verdiana e o plano de atividades para o biénio 2018-2020, com destaque para o tema da facilitação da circulação dos cidadãos lusófonos, uma proposta de Cabo Verde e Portugal.

Segundo o Presidente cabo-verdiano foram abordados “aspetos muito concretos que têm a ver com a mobilidade no seio da comunidade e a proposta de um modelo de integração comunitária por fases”, um modelo que espera ver “aceite por todos os estados num prazo curto”. ANG/Lusa

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