sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Nigéria


Dois  septuagenários disputam a Presidência
Bissau, 15 fev 19 (ANG) -  A campanha eleitoral com vista às eleições gerais de sábado na Nigéria terminaram quinta-feira com o balanço de 40 mortos só nos últimos oito dias.
Entre os 72 candidatos às presidênciais, os favoritos são o Presidente cessante Muhammadu Buhari e o seu histórico rival Atiku Abubakar.
Esta sexta-feira (15/02) será dia de reflexão para os mais de 84 milhões de eleitores inscritos para as eleições gerais de sábado (16/02), que além do Presidente, vão eleger os senadores e deputados.
A Nigéria é  mais populoso país de África com 190 milhões de habitantes, e é também o primeiro produtor africano de petróleo, que representa 70% das receitas públicas e 90% das receitas de exportações.
Segundo a RFI, a  campanha tem sido violenta nalgumas regiões do país com registo de mais de 40 mortos só nos útimos 8 dias, durante comícios dos dois septuagenários favoritos: o ex-general Muhammadu Buhari com 76 anos de idade, candidato do partido All Progressives Congress - APC - que jà dirigiu os destinos da Nigéria em 1983 durante a ditadura militar, cuja luta serà renhida com o seu histórico rival o empresário Atiku Abubakar de 72 anos, antigo vice-presidente do país entre 1999 e 2007 do People's Democratic Party - PDP - partido dos dois ex-Presidentes Olusegun Obasanjo e Goodluck Jonatahan.
Estes dois dinossauros da política devem seduzir um eleitorado maioritariamente masculino e jovem (51% dos eleitores inscritos têm entre 18 e 35 anos), num país assolado pela violência no sudeste petrolífero e não só, perpetrada por grupos radicais islâmicos como Boko Haram ou o dos Vingadores do Delta do Niger, que na quinta-feira  manifestaram o seu apoio ao opositor Atiku Abubacar.
Os grupos rebeldes armados surgiram nos anos 2000 para exigir uma melhor distribuição da riqueza gerada pelo petróleo e foram parcialmente amnistiados pelo Presidente Goodluck Jonatahan, mas em 2015 quando Muhammadu Buhari chegou ao poder, prometeu suspender os acordos e a violência regressou ao país.
O sudeste da Nigéria tem reservas de petróleo e de gás estimadas em 70 mil milhões de barris - figurando entre as 10 maiores reservas mundiais - mas a região continua pobre e sub-desenvolvida.
Após décadas de exploração e de extrema pobreza, a população contesta a partilha das receitas petrolíferas com o resto do país, pelo que a questão do federalismo com 36 Estados e a capital federal Abuja, vem à baila em cada nova eleiçao e o opositor Atiku Abubakar já se manifestou a favor de uma certa descentralização, em termos de poder e de distribuição das receitas.
O último escrutínio em 2015 decorreu sem grandes tormentos, mas em 2011 mais de 1.000 pessoas foram mortas em violências pós eleitorais, mas os dois candidatos favoritos às presidenciais de sábado assinaram esta quarta-feira (13/02) em "acordo de paz" prometendo não encorajar a violência e respeitar os resultados das urnas..
Devido à baixa do preço do petróleo a Nigéria sofreu em 2016 a pior recessão dos últimos 25 anos, mas a economia levanta-se passo a passo, segundo dados oficiais que apontam para um crescimento de 1,9% em 2018 e uma aceleração de 2,8% no terceiro trimestre, dados divulgados a apenas cinco dias do escrutínio, o que a oposição denuncia como uma manobra política para convencer os eleitores de que o país està bem.
De salientar que a Nigéria é um país profundamente dividido entre o sul maioritariamente cristão e o norte sobretudo muçulmano, onde centenas de comunidades cohabitam, um país instável, onde conflitos e criminalidade generalisada ameaçam constantemente a segurança nacional.
Desde a instauração do multipardarismo em 1999 a compra de votos é comum neste país, onde milhares de pessoas participam nos comícios apenas no intuito de recberem algumas nairas - a moeda local - ou bens alimentares e de primeira necessidade.
Na quarta-feira  um juíz ordenou a prisão do presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Walter Onnoghen, crítico ao poder actual e que foi suspenso das suas funções a 25 de Janeiro, acusado de corrupção e de não declaração de contas bancárias em divisas.
A sua suspensão e subsituição interina por Ibrahim Tanko Muhammad, um juíz oriundo do norte do país, tal com o o Presidente Buhari, causou grande polémica e Atikku Bubakar denunciou "a deriva autoritária e ditatorial" do Presidente, enquanto os observadores da União Europeia se mostraram muito preocupados com a mesma.
O presidente do Supremo Tribunal é o mais alto magistrado da Nigéria e árbitro em eventuais litígios pós eleitorais e segundo a constituição só pode ser demitido com a aprovação de dois terços do Senado, neste caso o juíz Onnoghen tinha sido apenas "suspenso" pelo chefe de Estado.ANG/RFI

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