Retoma da
campanha após adiamento das eleições
Bissau, 18 fev 19 (ANG) - Os motores da campanha voltam a ligar-se
depois do adiamento inesperado das eleições gerais na Nigéria a poucas horas da
abertura das urnas no passado sábado, e que poderá custar ao país milhares de
milhões de dólares.
Num país marcado por elevadas
taxas de desemprego, onde as deslocações representam sacrifícios para muitos,
centenas de milhares de pessoas viajaram das cidades onde moram para votar nas
regiões de origem ou onde se encontram inscritas nos recenseamentos eleitorais.
A maior parte das empresas
nigerianas, incluindo o porto de Lagos, importante porta de entrada de bens de
primeira necessidade num país de 190 milhões de habitantes, primeira economia
do continente africano, encerraram na sexta-feira para permitir aos seus
funcionários a deslocação para votar. Os aeroportos e as fronteiras terrestres
foram também encerrados.
“Os custos deste adiamento são
inimagináveis. A economia parou parcialmente na sexta-feira e completamente no
sábado”, afirmou à publicação nigeriana Sunday Vanguard o director da Câmara de
Comércio e Indústria de Lagos, Muda Yusuf, que estima perdas financeiras na
ordem dos 1,5 mil milhões de dólares.
Mas “o que custará ainda mais
caro será o que isto pesará na reputação” do país, considera o economista
Bismark Rewane a uma outra publicação nigeriana, o ThisDay, elevando o custo do
adiamento das eleições para entre nove e 10 mil milhões de dólares, na ordem
dos dois por cento do Produto Interno Bruto (PIB) nigeriano, a longo prazo.
A Comissão Eleitoral (INEC)
anunciou o adiamento do escrutínio para o próximo dia 23 de Fevereiro, poucas
horas antes do início previsto para a abertura das urnas no passado sábado, que
iriam receber os votos para a eleição do Presidente e vice-presidente do país,
assim como para a escolha dos deputados e senadores que ocuparão os assentos
nas duas câmaras do Parlamento durante os próximos quatro anos.
As eleições para os governadores
decorrerão no próximo dia 09 de Março, em vez de dia 02, como anteriormente
previsto.
Mahmood Yakubu, presidente da
INEC, assumiu a “total responsabilidade” pelo atraso logístico na preparação
das eleições, justificado pelo “enorme” desafio que representa a organização de
eleições no país mais populoso de África.
Yakubu lamentou ainda os actos de
“sabotagem” que perturbaram a preparação do escrutínio. Três dependências da
INEC foram incendiadas nas últimas semanas, nos estados nigerianos de Plateau,
Anambra e Abia, e milhares de boletins de voto e de leitores electrónicos de
cartões eleitorais foram destruídos.
A INEC deslocou um milhão de
agentes em todo o país e imprimiu 421 milhões de boletins de voto.
Esta não foi a primeira vez que
uma eleição foi adiada na Nigéria, desde 1999. Em 2011, as eleições gerais
foram adiadas por duas vezes, uma delas quando as votações tinham já começado,
com o presidente da comissão eleitoral a evocar então uma situação de “urgência”
relacionada com o facto de muitas estações de voto se encontrarem sem material
eleitoral.
O país foi na altura palco de
violências pós-eleitorais entre cristãos e muçulmanos que provocaram mais de
mil mortos.
Em 2015, o governo do então
Presidente Goodluck Jonathan adiou também o escrutínio por seis semanas,
justificando a decisão com problemas de segurança no nordeste do país,
relacionados com perturbações provocadas pelo grupo rebelde jihadista do Boko
Haram.ANG/Angop
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