França/Jovem senegalês ganha prémio literário mais importante do país
Bissau, 04 Nov 21 (ANG) - O escritor senegalês Mohamed Mbougar Sarr, de 31 anos, foi galardoado quarta-feira com o prémio Goncourt 2021, a distinção literária mais importante de França.
Sarr tornou-se o primeiro escritor de África
Subsaariana a vencer este concurso com a obra "La plus secrète mémoire des hommes",
que em português significa "A mais secreta memória dos homens".
O livro conta a história de um jovem escritor
senegalês que pretende resgatar a memória de um autor que ficou conhecido como
o "Rimbaud Negro" depois da publicação de um livro em Paris, em
1938, que gerou controvérsia.
Na história, o personagem principal vai confrontar-se
com o colonialismo africano e o Holocausto e viaja por três países chave:
Senegal, França e Argentina. O presidente da Academia Goncourt, Didier Decoin,
defendeu que o livro é um verdadeiro “hino à literatura".
Mohamed Sarr nasceu no Senegal, em 1990, e sempre teve
resultados escolares de excelência. Em Paris, dedicou-se ao estudo da
literatura africana e deixou o doutoramento em suspenso para dedicar-se
inteiramente ao mundo da escrita. Apesar disso, o jovem não é um
novato nesta área, uma vez que este é o seu quarto livro.
Mohamed Sarr publicou a sua primeira obra literária "Terra ciente" aos 24
anos, em 2014, livro que lhe valeu 3 prémios literários. A obra abordava a vida
quotidiana numa vila dominada por jihadistas.
Seguiu-se a obra "Silence
du chœur", em 2017, que foi condecorada por duas vezes e
que se foca em temáticas relacionadas com a vida dos imigrantes na Sicília.
Por seu turno, em 2018, lançou "De purs hommes", um livro
que aborda a homossexualidade no continente africano.
Agora, em 2021, com a conquista deste prestigiado
galardão francês, o autor vai tornar-se ainda mais lido no mundo, uma vez
que o prémio é conhecido por fazer disparar as vendas dos autores vencedores.
Em entrevista aos jornalistas, Mohamed Sarr mostrou-se muito feliz
com este reconhecimento: "Eu
sinto muita alegria".
O escritor defendeu ainda que "não há idade na literatura. Pode chegar-se muito jovem, aos 30, aos 67,
aos 70 ou ser-se muito velho".
Em 2020, o mesmo prémio foi atribuído a Hervé Le Tellier,
com o romance "A anomalia", que foi editado em Portugal pela
Presença e que obteve no horizonte temporal de 1 ano, mais de 1
milhão de vendas.
Em 2019,Jean-Paul Dubois sagrou-se vencedor com a obra "Tous les hommes n'habitent pas le monde de la même façon", o que traduzido quer dizer “Nem todos os homens vivem da mesma maneira no mundo”.ANG/RFI
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