Caso 6 bilhões / Coletivo de advogados pede libertação dos suspeitos
Bissau, 13 Mar 24
(ANG) - O coletivo dos advogados do ex- ministro da Economia e Finanças Suleimane
Seidi e do Secretário de Estado de Tesouro António Monteiro pedem, em nome dos direitos fundamentias, a libertação imediata
dos suspeitos enquanto se guarda por posteriores termos do processo.
Disse que o despacho
que adia o julgamento viola, de forma transversal e flagrante, os dispostos art
215, 216 e 227 do código do processo penal.
“Art 227 do código
penal, que fala do adimento da data para
julgamento, indica impossibilidade de constituição do tribunal,incumprimento de
diligências referidos no art 220 sobre Cartas Pregatórias como fundamentos para
adiar o julgamento, mas não é o caso”, disse Martins, justificando a sua
afirmação com presença do Ministerio Público, dos três juízes,de testemunhas,de suspeitos e da defesa.
Disse que se o motivo
era permitir o pronunciamento do Ministerio Público deveria fixar um prazo para
obter a sua reação, em relação aos elementos invocados pela defesa.
Luís Vaz diz que o
argumento invocado para o adiamento do julgamento tem a ver com a notificação
do Ministério Público de um “Incidente de Inconstitucionalidade”, suscitado pela
defesa, e questiona o porquê de só
agora, no dia do julgamento, é que se procedeu a notificação.
Disse que o referido documento deu entrada juntamente
com constestações da defesa dos suspeitos
, à 26 de Fevereiro de 2024.
“O Incidente de Inconstitucionalidade
deve-se ao fato de o Gabinete de Luta Contra Corupção e Delitos Económicos que
investigiou, recolheu provas e acusou o processo não existisse, do ponto de
vista da Lei Orgânica do Ministerio Público, ou seja, não se pode sustentar um
processo através de um orgão que não existe”,afirmou Luís Vaz Martins.
Por isso, acrescenta,
o coletivo considerou a situação uma
violação flagrante de todas as
estruturas da Constituição da República e do processo, defendendo a anulação e
sem efeito de todos os atos praticados até
aqui ou seja “o processo deixará de existir”.
“Evitamos de
mediatizá-lo desde início, apesar de várias irregularidades que caraterizam o
processo. Irregularidades caraterizadas pela violação do princípio do Segredo
da Justiça, mas também por acreditar que a justiça deve ser feita nos tribunais e apenas pelos seus intervenientes”,
sustentou.
Luís Martins diz acreditar que o processo será orientado para a descoberta daquilo que é a verdade material, sobretudo da parte dos
magistrados titulares do processo, que não
serão condicionados por agentes externos
ao processo.
Acusou o Ministério Público,
através do Gabinete de Luta Contra Corupção e Delitos Económicos de nunca ter respeitado
os princípios que norteiam o Segredo da Justiça,porque
assistiu-se o vazamento sistemático de informações consideradas sigilosas, que
só quem tem acesso aos autos pode ter.
O mais grave de tudo,
de acordo com Luís Vaz, é que os
delegados do Ministério Público junto do tribunal de primeira instância foram
chamados a intervir neste processo à margem da Lei Orgânica dos Tribunais Judicias.
Segundo o advogado, o
art 70 da Lei Orgânica dos Tribunais determina que a representação do
Ministério Público nos tribunais é feita: no Tribunal de Relação, pelos procuradores-gerais
adjuntos e da República e não pelos delegados do Ministério Público.
“Nos fomos comunicado no dia do julgamento, no
tribunal que compete julgar este processo,através de uma notificação, de que o julgamento
seria adiado (sine die). O juiz tinha a abrigação de abrir a sessão, cumprir
com todas as formalidades e nos comunicar os motivos de adiamento e permitir a apresentação
do contraditório de diferentes
intervinientes no processo”disse.
O porta-voz do
coletivo criticou que os suspeitos
estão detidos há 100 dias, e que o
fundamento que sustenta a prisão preventiva é o risco de perturbar a investigação, mas que o
processo já tem acusação definitiva, e em fase de julgamento.
“Apresentamos
alteração da medida preventiva através de um requerimento para obrigação de
apresentação periódica, até então, não houve qualquer pronunciamentio sobre
esse requeimento e nem temos a possibilidade de contrariar qualquer que seja
fundamento para manter os suspeitos na prissão”, disse.
Luís Vaz disse que
aguarda a indicação de uma nova data para julgamento, da parte do juiz.
“Temos profundos receios
de que o adiamento do julgamneto se deve
a intervenção externa ao processo ou seja, houve Ordem
Superior, porque os magistrados envolvidos neste processo sabem que não podem adiar
o julgmaneto sem terem aberto a sessão”, afirmou.
Vaz Martins disse que
os seus clientes correm o risco de continuarem presos à
semelhança dos suspeitos da tentativa do golpe de Estado de 01 de Fevereiro.
“Este processo evidência
a instrumentalização do poder judicial por uma “mão oculta, designada Ordem Superior”.ANG/LPG//SG
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