“Novo governo será formado até Junho”, diz
Ramos-Horta
Bissau, 06 Mai 14 (ANG)
-O representante das Nações Unidas na Guiné-Bissau, José Ramos-Horta, disse
sábado que o novo governo guineense deverá estar formado até Junho, mês que
"será histórico" para aquele país africano de língua oficial
portuguesa.
"Se tinha alguma dúvida há seis meses, depois
de muito diálogo, intensos contactos com todos os actores políticos e
militares, estou convencido que em Junho teremos governo na Guiné-Bissau",
afirmou hoje Ramos-Horta, de visita a Portugal.
Em causa está o resultado das eleições guineenses de 13 de Abril, que deram
a maioria absoluta ao Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo
Verde (PAIGC), liderado por Domingos Simões Pereira, para formar governo dois
anos depois de um golpe de Estado.
O representante das Nações Unidas defende a necessidade de
"compreensão" para com o primeiro-ministro eleito, dando-lhe
"tempo" e "sem pressão de ninguém", para que possa
constituir "o melhor governo" para o país.
O ex-primeiro-ministro timorense falava à margem da homenagem que lhe foi
feita sábado pela Câmara de Valença, no norte de Portugal, recebendo a medalha
do município pelo seu passado político e pela defesa da paz e reconciliação em
Timor-Leste.
Além desta homenagem, Ramos-Horta reuniu-se naquela cidade com o secretário
de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Luís Campos Ferreira,
apelando à intervenção da diplomacia portuguesa junto da comunidade
internacional para desbloquear um apoio financeiro de "emergência" ao
novo governo a formar por Domingos Simões Pereira.
"Há mecanismos de apoio previstos pela União Europeia para o próximo
ano, mas o povo guineense não pode esperar até 2015. Precisamos de apoio de
Junho até Dezembro deste ano. São algumas dezenas de milhões de dólares
necessários para os próximos seis meses", explicou o representante das
Nações Unidas.
Além do pagamento de salários a funcionários públicos, a aquisição de
medicamentos, de equipamentos de saúde ou a importação de alimentos são áreas
prioritárias, disse ainda.
"O povo guineense fez a sua parte, comportou-se (nas eleições) com
exemplaridade, com grande civilidade, regressámos à ordem constitucional. Agora
cabe à comunidade internacional cumprir com as suas promessas e obrigações,
morais e éticas", apontou Ramos-Horta.
Angop
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