Antigos
governantes condenados por corrupção
Bissau, 11 dez
19 (ANG) - A justiça argelina condenou, na terça-feira, antigos dirigentes
políticos – incluindo dois antigos primeiros-ministros - e empresários de
renome a pesadas penas de prisão no âmbito de um processo por corrupção e abuso
de poder.
A sentença é
conhecida dois dias antes das eleições presidenciais na Argélia, um escrutínio
considerado como uma farsa pela população que continua a reclamar, nas ruas,
uma mudança dos dirigentes políticos depois de ter conseguido a demissão do
antigo presidente Abdelaziz Bouteflika, em Abril.
Esta é a primeira vez, desde a
independência em 1962, que foram julgados dirigentes de topo, considerados
intocáveis há menos de um ano.
No banco dos réus estavam 18
personalidades acusadas de corrupção na indústria automóvel e de financiamento
ilegal da última campanha eleitoral do antigo Presidente Abdelaziz Bouteflika,
candidato a um quinto mandato em Abril antes de ter sido obrigado a renunciar
face à pressão dos protestos populares.
Ahmed Ouyahia foi, entre 1995 e 2019,
quatro vezes primeiro-ministro, três das quais durante a presidência de
Bouteflika. Foi condenado a 15 anos de prisão efectiva.
Abdelmalek Sellal dirigiu o governo entre
2014 e 2017 e liderou quatro campanhas eleitorais do ex-presidente. Foi
condenado a 12 anos de cadeia.
Também os antigos ministros da Indústria
Mahdjoub Bedda e Youcef Yousfi foram condenados a 10 anos de prisão e uma
ex-governadora civil Nouria Yamina Zerhouni a cinco anos de cadeia.
O antigo presidente da principal
organização patronal argelina, o Forum dos Chefes de Empresa, e CEO do líder do
sector da construção civil, Ali Haddad, foi condenado a sete anos de prisão
efectiva.
Outros três destacados homens de negócios,
Ahmed Mazouz, Hassen Arbaoui e Mohamed Bairi, todos proprietários de fábricas
de montagem de carros, também tiveram penas de 7, 6 e 3 anos de prisão.
Um alto funcionário do ministério de Justiça
foi condenado a 5 anos e o antigo director de um banco público argelino a 3
anos.
A sentença foi conhecida dois dias antes
das eleições presidenciais na Argélia, um escrutínio denunciado como uma
continuação do regime anterior pelos manifestantes, cujos protestos levaram à
demissão de Abdelaziz Bouteflika, em Abril, após várias semanas de contestação.
O procurador denunciou que a indústria
automóvel teve importantes vantagens fiscais e que é um sector dominado pelo
“nepotismo e favoritismo”.
O escândalo neste sector teria
provocado um rombo de 975 milhões de euros nos cofres do Estado e o alegado
financiamento ilegal da última campanha eleitoral de Bouteflika teria provocado
uma perda no Tesouro de cerca de 830 milhões de euros, ainda de acordo com o procurador.
ANG/RFI
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