"Ninguém sabe
a que se deve a mudança climática mundial", diz
Putin
Bissau, 20 dez
19 (ANG) - O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou na quinta-feira (19) que
"ninguém sabe" com certeza o que provoca a mudança climática.
A declaração feita
durante a conferência de imprensa anual, em que abor
da diversos assuntos,coloca
em questão a responsabilidade humana no aquecimento do planeta.
"Sabemos que nosso planeta conheceu
períodos de aquecimento e de resfriamento e isso pode estar relacionado a um
processo no universo", declarou Putin acrescentando que uma pequena
mudança no ângulo de rotação da Terra ao redor do Sol pode levar o planeta
a sofrer séras mudanças do clima.
Por isso, para o presidente russo,
"avaliar a influência que a humanidade contemporânea pode ter sobre o
clima é muito difícil, até impossível". No entanto, ratificou o
compromisso da Rússia para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, assim
como para respeitar o Acordo de Paris sobre o Clima.
"Não fazer nada tampouco é uma
solução e neste ponto estou de acordo com meus colegas [chefes de Estado].
Temos que fazer um esforço máximo para que o clima não mude de maneira
dramática", disse, reconhecendo que a própria Rússia está exposta ao
fenômeno.
"É um processo muito sério para nós.
Há cidades inteiras construídas sobre o permafrost, imaginem as consequências
no caso de um grande degelo", afirmou.
O chefe de Estado russo também abordou
outros assuntos durante a sua coletiva de imprensa anual, como o processo
de impeachment que enfrenta o presidente americano, Donald Trump.
Para ele, o republicano é visado por
acusações "completamente inventadas".
Putin lembrou que o processo ainda tem que
passar pelo Senado, onde os republicanos são maioria e devem barrar o
impeachment.
"O partido que perdeu as eleições, o
Partido Democrata, tenta alcançar seus objetivos usando outros meios e outras
ferramentas e acusando Trump de complô com a Rússia. E quando fica claro que
não foi o que aconteceu, inventam essa história da pressão sobre a
Ucrânia", completou.
Outra questão comentada por Putin foi a
participação dos atletas do país em competições esportivas sob as cores da
bandeira russa.
Atualmente os desportistas russos são obrigados a competir
sob uma bandeira neutra, devido a um recente escândalo de doping.
O presidente russo lembrou que
"nenhuma declaração oficial foi feita pela Agência Mundial Antidoping
contra o nosso Comitê Olímpico". Então, segundo ele, "qualquer
punição deve ser individual". Putin também prometeu "fazer de tudo
para manter o esporte russo limpo".
Para o presidente russo, o corpo de
Vladimir Ilyich Lênin deve continuar no mausoléu na Praça Vermelha de Moscou,
onde foi colocado após sua morte, em 1924.
"Acredito que não é necessário tocar
nele. Pelo menos enquanto a vida e o destino de muitas pessoas estiverem
relacionados a ele e relacionados aos sucessos do passado, com os anos
soviéticos", afirmou.
A questão do mausoléu de Lênin, aberto após
sua morte, é muito controversa na Rússia, onde o Partido Comunista é a primeira
força de oposição no Parlamento. Segundo uma pesquisa recente, mais de 60% dos
russos pensam que o corpo do primeiro líder soviético deveria ser removido do
local e enterrado.
Por último, Putin respondeu a perguntas
sobre uma reforma da Constituição, em particular sobre a possível proibição que
um presidente exerça mais do que "dois mandatos consecutivos".
"O que poderia ser feito é suprimir o termo 'consecutivo' do texto quando
se refere à função presidencial", afirmou. Essa foi a primeira vez que se
manifestou favoravelmente sobre a questão.
No entanto, se esse termo fosse removido
da Constituição, excluiria qualquer possibilidade de um retorno de Putin após
2024, quando seu segundo mandato consecutivo actual expira.
Desta forma, ele não poderia deixar a
presidência por um tempo e depois voltar a exercê-la,como fez em 2012, após
quatro anos como primeiro-ministro, entre 2008 e 2912.
Neste momento, "este fiel servidor
cumpre seus dois mandatos, deixa a função e depois terá o direito de retornar
ao cargo de presidente porque já não se trata mais de dois mandatos
consecutivos", afirmou o líder russo. No entanto, reconheceu que esse tipo
de alternância "incomoda certos cientistas políticos e actores da sociedade
e pode ser eliminada", concluiu.ANG/RFI/AFP
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