“Ano 2019 termina com retração de 5,9 por cento do crescimento”, diz o
economista Aliu Soares Cassama
Bissau 13 dez 19(ANG)
– A economia guineense atravessa momentos difíceis devido a constante
instabilidade política e não diversificação da economia dependente da castanha
de cajú, o principal produto de exportação do país.
A constatação é do
economista guineense, Aliu Soares Cassama numa análise de retrospectiva e perspectiva económica da Guiné-Bissau para 2019/2020.
Cassamá disse que 2019
está quase a acabar e que a economia nacional não registou um crescimento aceitável, não obstante aos esforços que estão a ser feitos para que se possa
estar numa posição de convergência com
alguns países da União Económica e Monetária Oeste Africana.
Esta situação,
conforme o economista, se deve as
elevadas despesas não previstas e o facto de o défice público nos meados de
2019 ultrapassar, significativamente, a meta projectada no Orçamento.
“ A castanha de cajú,
principal produto de exportação foi
vendido à 500 fcfa em 2019 . É ano em que a Guiné-Bissau rubricou o acordo de
livre comércio africano, que estabelece a liberalização de serviços e mercadorias
e tem como objectivo eliminar as tarifa aduaneiras em 90 por cento, e em que
se emitiu títulos do Tesouro num montante de 10 mil milhões de francos cfa”,recordou
Aliu Cassama.
O economista acrescentou
que a inflação atingiu 1.3 por cento, num
país que já teve taxas anuais de inflação significativas com um percurso
assinalável em relação ao qual se deve orgulhar.
Disse que, sendo um
país com uma economia aberta ao exterior, importa a maior parte dos bens de
consumo para assegurar a estabilidade dos preços.
Para além disso, é o
ano em que se registou um défice fiscal na ordem dos 6 por cento do Produto
Interno Bruto(PIB),nível muito acima do previsto pelos critérios de convergência
da UEMOA e que é igualmente o ano em que
a taxa de financiamento da economia permanece abaixo dos 15 por cento em relação a media da mesma
organização que é de 30 por cento.
Para superar estas
situações, o economista recomenda a diversificação da economia guineense,e
de modo a diminuir a sua dependência da
castanha de cajú, para evitar que o país entre numa situação paradoxal.
Frisou que, mesmo com
muitos recursos,o país não vai conseguir crescer do ponto de vista económico e
passa a viver num ambiente de “estagnação ou de contracção económica”.
Disse que, apesar de as
perspectivas serem favoráveis, a dependência das receitas da castanha de cajú deixa a economia numa situação de vulnerabilidade
a choque externo.
Por estas e outra razões, o economista sugere o governo a apostar na agricultura, para trazer o alivio necessário à inflação nos bens alimentares, viabilizar projectos de industrialização, com maior celeridade e pragmatismo, integração dos agentes da
economia informal na economia formal, o
combate à corrupção, em todos os níveis, por ser um flagelo que abala o
aparelho do Estado guineense, “porque quando se fala constantemente de
corrupção os empresários sentem o medo de investir”.
O economista encoraja
o executivo a privilegiar acordos com o Fundo Monetário Internacional (FMI)
porque a economia nacional enfrenta uma situação financeira adversa, por causa
da quebra das receitas que teve sérias implicações nas contas fiscais do país, na balança de pagamento
e na economia real.
Sustenta que um novo
acordo com o Fundo pode relançar o crescimento económico através de algumas medidas
a serem implementadas para melhorar politicas fiscais, bem como garantir maior
solidez ao sector financeiro.
“Em 2020, o país
precisa de continuar a crescer. Hoje já não há duvidas que o crescimento económico é a condição essencial para o desenvolvimento e sem esse crescimento
não há progresso”, disse o economista Aliu Soares Cassama.ANG/LPG/ÂC//SG
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