Comércio livre/ “Lusófonos pouco
empenhados no acordo de comércio livre em África”- estudo
Bissau, 06 mai 20 (ANG)
- Os países africanos lusófonos estão
pouco empenhados na concretização do Acordo de Comércio Livre em África
(AfCFTA, na sigla inglesa) e pouco preparados para o aplicar, com São Tomé e
Príncipe a ser a excepção positiva, revela um estudo.
O relatório AfCFTA – Ano
Zero, promovido pela parceria que reúne empresários e líderes políticos
africanos, The AfroChampions Iniciative, foi elaborado antes da pandemia
provocada pelo novo coronavírus ter atingido o continente.
O documento foi
divulgado, na segunda-feira, numa altura em que cresce a preocupação do setor
privado quanto a um possível adiamento da entrada em vigor oficial da zona de
comércio livre africana, em 01 de Julho.
O estudo avaliou, por um
lado, o compromisso dos 55 Estados-membros da União Africana com a zona de
comércio livre, nomeadamente através da assinatura ou ratificação do acordo e
dos protocolos relacionados, e por outro, o grau de prontidão para a entrada em
vigor nos seus territórios das medidas nele contempladas.
Quando combinados os
dois critérios, Guiné Equatorial (28.º) Moçambique (29.º), Guiné-Bissau (41.º),
Angola (46.º) e Cabo Verde (52.º) estão todos abaixo do meio da tabela.
Acima desta linha apenas
São Tomé e Príncipe, que ocupa o 10.º lugar entre os países mais comprometidos
e que foi, além da Guiné Equatorial, o único lusófono a ratificar o acordo.
Na combinação dos dois
critérios, desce para 13.º lugar.
O país mais empenhado é
o Ruanda e o menos empenhado a Eritreia, que não assinou o acordo.
Os primeiros 10 lugares
em termos de empenho são dominados por países da África Oriental – Ruanda
(1.º), Uganda (4.º), Quénia (7.º) e Djibuti (9.º) –, e da África Ocidental -
Mali (2.º), Togo (3.º), Gana (5.º), Níger (6.º) e Senegal (8.º).
São Tomé e Príncipe
(10.º) é o único país da África Central entre os 10 primeiros.
Os autores do estudo
manifestam preocupação com a presença de quatro países do norte de África -
Tunísia, Marrocos, Argélia e Líbia - entre os menos empenhados, dada a dimensão
e a importância das suas economias.
A classificação
valorizou também o compromisso dos países com a livre circulação de pessoas, o
que colocou muitos Estados com “um nível de compromisso relativamente baixo”.
Quanto à prontidão para
aplicar as medidas de facilitação de comércio entre países da região, o país
mais bem preparado é a África do Sul e o mais mal preparado o Sudão do Sul.
Os 10 primeiros lugares
em termos de prontidão são dominados por cinco países da África Austral -
África do Sul, Botsuana, Maurícias, Namíbia e Zâmbia –, mas incluem também
países do norte de África (Egipto) África Oriental (Ruanda, Quénia e Tanzânia)
e África Ocidental (Costa do Marfim).
Na classificação
combinada de empenho e prontidão, o Ruanda lidera a tabela, seguido do Quénia
(2.º), Togo (3.º), Costa do Marfim (4.º), Uganda (5.º), Gana (6.º), Senegal
(7.º), Maurícia (8.º), o Djibuti (9.º) e o Níger (10.º).
Nenhuma das três maiores
economias do continente - África do Sul, Egipto e Nigéria - figura entre os 10
primeiros lugares no desempenho global.
Entre os 10 países
piores classificados, o estudo destaca os casos de Angola (46.º), Líbia (49.º)
e Burundi (50.º) que ainda não ratificaram o acordo nem o protocolo sobre a
livre circulação de pessoas.
O estudo assinala que
47% dos países ainda não ratificou o tratado e que nenhum dos 54 estados que
assinaram completou a respectiva estratégia nacional para a sua implementação,
considerando que a ausência destas estratégias representa um “sério risco à
viabilidade do acordo” a longo prazo.
O acordo de
livre-comércio pretende liberalizar o comércio no continente e tem como
objectivo eliminar as tarifas aduaneiras em 90% dos produtos.
O AfCFTA permitirá criar
o maior mercado do mundo com um Produto Interno Bruto (PIB) acumulado a
ascender a 2,5 biliões de dólares (cerca de dois biliões de euros), de acordo
com estimativas anteriores à pandemia de covid-19.ANG/Angop
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