CEDEAO/Cimeira com Mali, Guiné-Conacri, Burkina Faso e Guiné-Bissau na ementa
Bissau, 03 Fev 22(ANG) - Os dirigentes da CEDEAO reúnem-se hoje em cimeira em Accra para abordar a situação dos países da região que foram abalados por golpes de Estado, o Mali, a Guiné-Conacri e o Burkina Faso, que sofreu um golpe na semana passada, assim como a desestabilização ocorrida na passada terça-feira na Guiné-Bissau que causou pelo menos 11 mortos, segundo fontes governamentais.
Depois de 4 golpes consumados no espaço de apenas 18
meses, a começar pelo Mali, onde se deu um primeiro golpe em 2020 e em seguida
em Maio do ano passado, na Guiné-Conacri no passado mês de Setembro e, por fim,
no Burkina Faso há uma dezena de dias, a situação deste último país deveria ter
um espaço importante nas discussões dos líderes da Comunidade Económica dos Estados
da África do Oeste que analisam hoje as conclusões das missões militares e
ministeriais efectuadas nos últimos dias no país.
No caso do Burkina Faso, trata-se de saber se vão ser
aplicadas novas sanções ao país, para além da sua suspensão já efectiva dos
órgãos da CEDEAO. Também suspensos estão o Mali e a Guiné-Conacri, estes países
tendo sido igualmente alvo de outras sanções, tais como o encerramento das suas
fronteiras com os seus vizinhos, bem como o embargo sobre as transacções
comerciais e financeiras com esses países. A situação desses países palco de
instabilidade política mas igualmente de violências jihadistas devem ser
analisadas nesta cimeira.
Em declarações públicas ontem, o presidente
cabo-verdiano, José Maria Neves, que não vai estar presente na cimeira, alertou
sobre a necessidade de a CEDEAO encontrar soluções face à instabilidade
regional. “Preocupa-nos a instabilidade que se verifica na região. Em 18 meses
tivemos três golpes de Estado e uma tentativa falhada, mas que não deixa de
mostrar instabilidade, insegurança e tentativa de fragilização, ainda mais, das
instituições democráticas” declarou o chefe de Estado
cabo verdiano.
José Maria Neves disse igualmente que a região "tem ainda outros desafios, como o terrorismo e o narcotráfico que devem ser considerados" e que, na sua óptica, deve haver uma “melhoria da governação para que haja políticas públicas consistentes, orientadas para a solução dos problemas das pessoas, para o desenvolvimento sustentável da nossa região e se garantir a paz, a tranquilidade, em toda a região e em todo o continente africano”.
Referindo-se a um dos outros assuntos que também está na mesa das conversações, a Guiné-Bissau que acaba de ter palco na terça-feira de um assalto contra o Palácio do governo quando lá se encontrava o chefe de Estado a presidir um Conselho de Ministros, um ataque em que morreram pelo menos 11 pessoas, o Presidente de Cabo Verde que no próprio dia do sucedido emitiu uma nota de repúdio, não deixou de dar conta da sua preocupação e da necessidade de recolher mais elementos sobre o que aconteceu. “Estamos a aguardar mais esclarecimentos relativamente aos contornos, aos meandros da tentativa de golpe de Estado. O nosso apelo é para que a gestão do pós-golpe se faça com a necessária contenção para se evitar mais violência”, apelou.
Este acto de desestabilização foi condenado em
vários quadrantes, nomeadamente pela própria CEDEAO, como pela união Africana,
a ONU e vários países como a França, Portugal, o Brasil e São Tomé e Príncipe.
Em declarações públicas na terça-feira à noite, o
Presidente guineense disse que se tratou de uma tentativa de golpe de Estado,
algo "bem
preparado e organizado e que poderá também estar relacionado com gente
relacionada com o tráfico de droga” e que quem o perpetrou queria
matá-lo a ele, ao Primeiro-Ministro e aos membros do governo.ANG/RFI
Sem comentários:
Enviar um comentário