Adis Abeba/”África longe de cumprir compromissos do programa agrícola”, diz comissária
Bissau,
11 Mar 24 (ANG) - Nenhum país africano está no bom caminho para cumprir
com todos os sete compromissos do Programa Abrangente de
Desenvolvimento da Agricultura em África (CAADP), declarou esta sexta-feira, em
Adis Abeba, a comissária da União Africana (UA), Josefa Correia Sacko.
Segundo uma nota chegada à ANGOP, em Luanda, a diplomata falava no lançamento oficial do 4º relatório de revisão bienal do CAADP (sigla em inglês) e da agenda pós-Malabo.
O processo de revisão
tem em perspectiva dar um novo impulso, revigorar e consolidar os ganhos
já alcançados, bem como sobre as tendências e os dinamismos emergentes.
Josefa Sacko alertou, na
ocasião, que, a apenas um ano da conclusão do período da “Declaração de
Malabo”, é urgente que os Estados-membros acelerem a implementação do CAADP.
A execução desse
programa, clarificou, passa nomeadamente pela disponibilização do financiamento
necessário para alcançar as aspirações de criar um sistema alimentar africano
robusto.
Recordou que a
Declaração de Malabo do CAADP chegará ao seu final, em 2025, e que “ainda
não atingimos os objetivos definidos” no documento.
Em virtude desse “mau
desempenho”, disse, verificou-se os efeitos combinados de choques
que se sobrepuseram, e que afetaram o sector agrícola, no contexto
da pandemia da Covid-19 e do conflito Rússia-Ucrânia.
Mencionou igualmente as
perturbações na cadeia de abastecimento e os conflitos no continente, bem como
os impactos das alterações climáticas
“No entanto, é
gratificante constatar que foram envidados esforços consideráveis para garantir
a qualidade dos dados, fazer com que sejam utilizados dados de qualidade para
avaliar o desempenho dos países com base nas lições aprendidas até
à data”, frisou a comissária da UA.
Na sua visão da
agenda pós-Malabo, a comissária considerou que esta deve ser sólida
e baseada em factos essenciais para acelerar a transformação da agricultura no
continente face às alterações climáticas e efeitos sanitários, políticos e
económicos.
Nesta perspectiva,
alertou que a agenda pós-Malabo deve manter os princípios fundamentais
do CAADP de apropriação e liderança africana, responsabilidade e transparência,
inclusão e assumir uma abordagem de sistemas alimentares, adaptando-se
continuamente a contextos em mudança.
“Devemos
aproveitar as oportunidades de enfrentar os desafios para
garantir meios de subsistência sustentáveis e resilientes, bem como dietas
saudáveis, seguras, nutritivas e acessíveis”, lembrou a diplomata angolana
junto da UA.
Descreveu o
processo de revisão bienal do programa agrícola do continente como uma
iniciativa da Agenda 2063 da UA que oferece um quadro para os Estados-membros
eliminarem a fome e reduzir a pobreza, aumentando o crescimento económico
através do desenvolvimento agrícola.
O relatório de revisão
bienal tornou-se num poderoso instrumento para a advocacia a nível
continental, regional e nacional, para desencadear as ações políticas
necessárias para a transformação da agricultura em África, ressaltou.
De acordo com Sacko,
apenas 49 países apresentaram relatórios neste ciclo, contra 51 na terceira
revisão bienal, destacando-se o desempenho dos países em relação aos 46
indicadores para acompanhar os progressos feitos no sentido de uma agricultura
totalmente transformada nos sete compromissos de Malabo.
Este quarto relatório bienal
foi apresentado ao comité técnico especializado da UA sobre
agricultura, desenvolvimento rural, água e ambiente, em Novembro de 2023,
e aos chefes de Estado e de Governo durante a sua cimeira em
Fevereiro do corrente ano. ANG/Angop
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