Comunicação social/ Relatório revela violação de Código Ético por cinco rádios nacionais e pede formação para jornalistas e apresentadores
Bissau, 07 Mar 24(ANG) – A Associação
das Mulheres Profissionais da Comunicação Social (AMPROCS ) acaba de divulgar um relatório de frequências de violação do “Código Ético”, em que cinco rádios são apontadas como
violadoras deste princípio.
O documento apresentado,
terça-feira, por um dos seus produtores, Ivanildo Paulo Bodjam, revela que houve 11 violações do código ético registadas
nas cinco rádios privadas nomeadamente Rádio
Popular, Rádio Cidade, Rádio Nossa, BombolomFM e a Rádio África, que representam
91 por cento das violações , e Nove em medias digitais, não se registando, durante
esse período, nenhuma violação nos jornais e na televisão.
O relatório elaborado no
âmbito do projeto “Monitoria de Direitos e Liberdades: Empoderamento de
Mulheres e Jornalistas em Contexto de Instabilidade’, foi divulgado numa
formação para mais de 30 jornalistas em matéria dos Direitos Humanos, promovida pela Associação das
Mulheres Profissionais da Comunicação Social (AMPROCS), em parceria com Associação
para a Cooperação Entre os Povos (ACEP),
a Liga Guineense dos Direitos Humanos(LGDH) e “ Mindjeris de Guiné Lanta”
(MIGUILAN), entre os dias 05 e 06 de Março, no âmbito da celebração da Décima
Edição da Quinzena dos Direitos Humanos.
No período abrangido pela
monitorização , foram analisados 23 conteúdos
de media, em 17 órgãos selecionados, e verificaram-se um total de 34
violações das quais 11 de Código Ético e
23 de conteúdos com potencial discurso de ódio e incitação a violência.
Segundo o relatório, os
elementos considerados discursos de ódio e de incitamento à violência foram
emitidos em 12 dos 17 órgãos monitorizados, no dia 14 de março 2023, no programa matinal de uma rádio em Bissau, onde
o jornalista alertou a juventude local sobre eventual tentativa de venda do
pátio desportivo denominado “Campo de
Cacoma” no Bairro de Bandim, utilizando o termo “ sangue na darma” (derrame de
sangue) se o campo for vendido.
Acrescenta que, no dia 18 do
mesmo mês, o Presidente do Partido da Unidade Nacional(PUN), Idriça Djaló, num
debate político numa rádio, considerou os políticos muçulmanos dos que mais
usam os discursos tribais durante a campanha eleitoral.
O documento informa ainda
que a rádio TV Bantaba publicou a imagem de um dístico hasteado no Estádio Lino Correia com dizeres
“Mentirosos afastem-se do Caíto ele é
sagrado”, e no dia 25 de Março, na edição do programa de assuntos políticos
de uma das rádios selecionadas foram
analisadas as declarações do Presidente
da República, do Procurador Geral da República e do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça
chamando-os de “ Mentirosos e promotores
da impunidade”.
No dia 3 de Abril, prosseguiu
o relatório, o jornal “O Democrata” noticiou que o Advogado Nelson Moreira ao representar
o Presidente do parlamento guineense Cipriano Cassamá acusou o PAIGC e União
para Mudança que reclamavam a caducidade do Secretário Executivo da CNE, de não se dignaram a resolver essas questões
a tempo e preocuparem-se em organizar complô e inventar golpes de Estado.
O Relatório indica que, já
no dia 6 de Abril, o
vice-presidente da Associação da
Indústria Madeireira, Luís Daniel
Nicolau, chamou de prevaricadores os vencedores do concurso para corte de madeira.
O relatório revela que o
rigor jornalístico mais violado foi o Princípio Ético e é o que recomenda
atuação jornalística com base nos
padrões morais e éticos da sociedade.
Os promotores da iniciativa
ainda analisaram o destaque da mulher nos conteúdos dos medias, e chegaram
a conclusão de que ainda há muito por fazer no sentido de equilibrar a abordagem
transversal do género nos órgãos de comunicação social.
“Constatou-se que no geral,
as peças jornalísticas retrataram a
mulher como sujeito de direito especial, não como parte geradora de informação,
por participação na vida pública”, lê-se no relatório.
Aos proprietários dos órgãos de comunicação social, o relatório recomenda a organização períodica de seminários e conferências, para o reforço das capacidade dos seus jornalistas e apresentadores sobre as melhores práticas de profissionalismo e ética profissional. ANG/JD/ÂC/SG
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