Bissau, 31 Out 14 (ANG)- A situação
continua tensa nesta sexta-feira (31) em Burkina Faso, apos o exército ter anunciado que tomou o poder no
país e instaurou um órgão de transição, impulsionado pela revolta popular
contra o presidente Blaise Compaoré, no poder há 27 anos.
Numa alocução na televisão quinta-feira
à noite, Campaoré disse que entendeu o recado das ruas e prometeu diálogo para
uma transição democrática. No entanto, ressaltou que não vai se demitir do
cargo, mas está disposto a empreender “um governo de união nacional”.
O objetivo, segundo ele, “é
preparar as eleições nacionais e transferir o poder a um sucessor
democraticamente eleito”.
A população foi às ruas quinta-feira
para protestar contra o projeto de Campaoré de mudar a Constituição e ficar
mais 15 anos no poder. A Assembleia Nacional foi invadida e incendiada, a
Televisão Pública foi tomada por manifestantes e houve troca de tiros ao redor
da sede da presidência. Pelo menos 30 pessoas morreram e cerca de 100 ficaram
feridas.
A oposição, encabeçada por Béné
Wendé Sankara, impõe a demissão imediata do chefe de Estado como condição para
o início das negociações. Sankara também não está do lado do exército e foi o
primeiro a classificar a tomada do poder pelos militares de "golpe de
Estado".
Os manifestantes também não viram
com bons olhos a ação do Exército. Eles pedem que o governo de transição seja
encabeçado pelo general da reserva e ex-ministro da Defesa Kuamé Lugué, e não
pelo chefe do Estado Maior, Nabéré Honoré Traoré, que liderou o movimento de quinta-feira.
Os Estados Unidos parabenizaram a decisão de Compaoré de formar um governo de
unidade nacional, sob a promessa de realizar eleições futuramente. Em
comunicado, Washington lamentou as mortes durante a revolta e pede ao governo burkinabê
e à oposição para evitar mais violências.
O ministro francês das Relações
Exteriores, Laurent Fábios, disse hoje que espera que Burkina Faso caminhe em
direção da paz. “Pedimos ao nosso embaixador no país que interceda para ajudar
o governo a encontrar uma solução”, declarou.
A União Africana fez um apelo
para que o governo e os manifestantes se contenham e dialoguem. Já a União
Europeia pediu que as negociações entre as duas partes envolvidas no conflito
negociem e coloquem rapidamente um fim às violências.
ANG/RFI
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