Yahya Jammeh nomeia mediador para crise
Bissau, 13 Jan 17 (ANG) - O presidente cessante gambiano, Yahya Jammeh,
que recusa a derrota nas mais recentes eleições presidenciais realizadas no
país, consideradas livres e justas pela União Africana e a generalidade da
comunidade internacional, nomeou quinta-feira, depois de forte pressão interna
e externa para abandonar o poder, um mediador “para ajudar a resolver o impasse
político no país”, noticiou a Panapress.
Na declaração, proferida através da Rádio
Gâmbia, Yahya Jammeh anunciou a nomeação do ministro dos Assuntos
Presidenciais, Musa Jallow, como mediador geral, pediu a todos os gambianos
“para se perdoarem mutuamente, em particular a classe política” e para
continuarem a trabalhar juntos “para manter e consolidar a paz e a harmonia.”
O Presidente derrotado nas urnas anunciou que “ninguém vai ser detido nem perseguido devido a actos ou omissões durante o período pré e pós-eleitoral com efeito a partir de 1 de Novembro de 2016 e 31 de Janeiro de 2017” e exortou os compatriotas e todos os residentes no país a cumprirem as suas tarefas em paz e segurança, porque “em nome de Deus, tudo vai correr bem e será brevemente resolvido em paz.”
Yahya Jammeh felicitou ainda os presidentes dos países membros da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), bem como a Organização da Conferência Islâmica (OCI), a União Africana (UA) e as Nações Unidas pelo apoio à Gâmbia e afirmou que, “embora alguns se tenham enganado, os gambianos não se enganaram e aprenderam a lavar a roupa suja em família.”
O mediador para a crise, acrescentou, vai certificar-se de que os serviços públicos e civis “continuem a trabalhar eficazmente sem receio nem favor, mas duma maneira apolítica, ao serviço da nação”. E faz questão de encontrar-se com todas as partes abrangidas no país e de “preparar uma reunião para que todas as partes possam ser ouvidas e que resolvamos tudo sem desconfiança entre nós”, acrescentou.
O mediador geral vai trabalhar com o ministro da Justiça e com o Parlamento, para redigir um projecto de amnistia geral destinado a evitar perseguições, “para que a nação possa restabelecer um clima de confiança e de segurança no quadro do mandato constitucional”, declarou o presidente derrotado nas eleições presidenciais.
A declaração do presidente cessante gambiano acontece depois de o próprio denunciar, um dia antes, em Banjul, as “ingerências estrangeiras sem precedentes” no seu país e apelar a uma solução pacífica do contencioso eleitoral.
Esta declaração foi feita horas depois de o Tribunal Supremo se ter declarado incompetente para decidir sobre o seu pedido para apreciar o que chama de “fraude eleitoral”. O presidente derrotado nas urnas defende que os gambianos “podem reunir-se para encontrar uma solução, sem ingerência estrangeira.”
O Tribunal Supremo considerou impossível, em
pouco tempo, apreciar os recursos apresentados pelo presidente cessante sobre a
sua derrota eleitoral, antes de recrutar os juízes que falta e defendeu uma
solução negociada com o Presidente eleito, Adama Barrow.
A decisão foi divulgada antes da chegada à Gâmbia, prevista para hoje, de uma missão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), para convencer Yahya Jammeh a largar o poder no dia 19 de Janeiro.
Entre os dias 6 e 9, mais de 400 pessoas fugiram da Gâmbia e procuraram refúgio na Guiné-Bissau, revelou o secretário-executivo da Comissão de Apoio aos Refugiados na Guiné-Bissau. Os refugiados, na sua maioria mulheres e crianças, entraram no território guineense a partir do posto fronteiriço de Mpack, que liga a cidade senegalesa de Ziguinchor ao sector guineense de São Domingos.
O Governo guineense prepara um plano de contingência, por haver receio de que o fluxo de refugiados vindos da Gâmbia possa vir a agravar, caso a CEDEAO avance mesmo para o uso da força para obrigar o presidente derrotado nas urnas, Yahya Jammeh, a abandonar o poder.
O bloco regional da África Ocidental deu a Yahya Jammeh até o dia 19, data em que termina o seu mandato, para sair do poder, caso contrário admite o uso da força.
A Gâmbia atravessa uma crise política, desde que o Presidente cessante,Yahya Jammeh, anunciou, em Dezembro de 2016, não reconhecer mais os resultados das eleições presidenciais realizadas no mesmo mês, depois de reconhecer a derrota e felicitar o candidato Adama Barrow pela vitória.
ANG/JA
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