Costa do Marfim
Chefias
militares destituídas
Bissau, 11 jan 17 (ANG) - O Presidente da Costa do Marfim, Alassane
Ouattara, destituiu os chefes de Segurança do Estado após a sublevação de uma
facção do Exército que exige melhorias salariais manter o país em alerta
durante o fim de semana.
Alassane Ouatara |
O secretário-geral da Presidência comunicou terça-feira
à noite pela televisão a substituição do
chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Soumaila Bakayoko, do comandante da
Gendarmaria, Gervais Kouakou, e do director-geral da Polícia, Brindou Mbia.
Horas antes, o Presidente da Costa do Marfim aceitou a demissão do primeiro-ministro Daniel Kablan Duncan e do seu Governo, menos de um mês depois das eleições legislativas vencidas pela coligação no poder.
A demissão já era esperada e não esteve
relacionada com o motim, mais foi atrasada pelos dois dias de protestos.
No discurso de despedida, Daniel Kablan
Duncan afirmou que “o Executivo conseguiu muitas coisas, mas muito continua
ainda por fazer. O objectivo final é garantir que a ambição do presidente de
tornar a Costa do Marfim num país emergente até 2020 se torne realidade.”
A dissolução do Governo abre portas à implementação de medidas incluídas na nova Constituição, aprovada por referendo em Novembro do ano passado.
O
Presidente deve nomear um novo primeiro-ministro nos próximos dias.
As exonerações dos chefes dos órgãos de
segurança do Estado acontecem após o motim que começou na madrugada de sexta-feira
na cidade de Bouaké e alargou-se às localidades de Korhogo e Odienne, no norte;
Daloa, no oeste; Daoukro, no centro; Bondoukou, no leste, e mais tarde até
Abidjan.
Os amotinados exigiam melhores condições de trabalho com o aumento dos salários e gratificações que não foram pagas desde o fim da guerra civil, em 2011, entre outras medidas.
O Presidente Alassane Ouattara anunciou no sábado um acordo para atender às reivindicações dos militares e pôr fim ao motim durante uma declaração pública em Abidjan, mas antigos combatentes decidiram tomar como refém o ministro da Defesa, Alain Richard Donwahi, em Bouaké, até conhecerem em detalhe como seriam aplicadas as medidas anunciadas pelo presidente.
O ministro, que acabou sendo libertado horas
depois, volta a reunir na sexta-feira com os soldados para concretizar um
acordo salarial.
Bouaké, origem da revolta, é a antiga capital da rebelião contra o antigo Presidente Laurent Gbagbo, que controlou a metade norte do país até 2011 e apoiou o actual presidente.
Em
Novembro de 2014, uma greve de antigos combatentes integrados no Exército e
descontentes com as demoras no pagamento dos seus salários alastrou de Bouaké a
Abidjan, a capital económica, e outras cidades.
Na origem da onda de protestos, estiveram antigos
elementos rebeldes, integrados nas forças de segurança nacionais após o acordo
de paz de Ouagadogou (Burkina Fasso) assinado em 2007.
ANG/JA
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