“CPLP deve pôr alimentação no centro da cooperação para o desenvolvimento”diz representante da organização em Lisboa
“A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) tem todas as condições para colocar a alimentação como o centro do seu processo de cooperação para o desenvolvimento e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) terá todo o prazer, obviamente, de continuar a apoiar este esforço feito por parte dos países” do bloco lusófono, afirmou à Lusa Francisco Sarmento.
De acordo com Sarmento, que assumiu o cargo de representante da FAO em Dezembro, uma das primeiras necessidades humanas, “aquela que é mais fundamental, que está sempre no centro das nossas preocupações, é a alimentação”.
“Penso que dentro da ideia de que um país é aquilo que come, os países da CPLP têm, de facto, um património ecocultural comum muito relevante”, referiu.
Para o responsável da FAO, um português que viveu em Angola e no Brasil, esse património comum foi construído nas últimas décadas, nos últimos anos, assente em várias premissas comuns e uma delas é a conquista da liberdade, já que “os países africanos conquistaram a sua independência e Portugal conquistou também a sua liberdade”.
“Isto fez, de certa forma, com que este património comum ecocultural tenha, do ponto de vista político e social, a liberdade associada”, disse Sarmento, que já ocupou outros cargos dentro da FAO.
“A liberdade no sentido da materialização de um conjunto de aspirações de direitos humanos que permitem a todos caminhar num sentido melhor”, acrescentou.
Para o representante da FAO, “a CPLP tem este imenso potencial e, se conseguir dar resposta a esta herança e tornar a alimentação o centro do processo de desenvolvimento dos países, (...) poderá melhorar em muito as condições de vida da maioria dos seus 250 milhões de habitantes”.
Francisco Sarmento afirmou que a principal prioridade da FAO relativamente à CPLP é apoiar a implementação da estratégia de segurança alimentar e nutricional que os países do bloco aprovaram em 2012.
O responsável afirmou que é fundamental e primordial uma participação multissectorial, do Governo e de outros atores relevantes, no esforço de implementação da estratégia de segurança alimentar e nutricional no bloco lusófono.
Durante a IX Conferência de Chefes de Estado e de Governo da CPLP em Maputo, em 2012, foi aprovada a Estratégia Regional de Segurança Alimentar e Nutricional (ESAN-CPLP), que apoia a institucionalização progressiva do tema Segurança Alimentar e Nutricional (SAN).
Na mesma conferência também foi aprovada a constituição do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional da CPLP (CONSAN-CPLP), recomendando-se os Conselhos nacionais.
“Felizmente, eu penso que esta estratégia da CPLP é muito concisa, muito focada. Ela tem só três prioridades, mas isso não quer dizer que estas não exijam um trabalho de alguma dimensão”, disse.
“Estas prioridades são a melhoria da governação do sistema alimentar, a protecção social e o fortalecimento dos agricultores familiares. Será sobre estes três eixos que, maioritariamente, o apoio da FAO vai ser destinado”, acrescentou, dizendo que os países
“já estão a avançar com um conjunto de acções em cada um destes três eixos”.
Segundo o responsável, actualmente, quase todos os países da CPLP, em fases diferentes, têm conselhos nacionais de segurança alimentar e nutricional e “esta foi claramente uma vitória e uma conquista da estratégia (ESAN)”.
“Alguns países estão ainda a iniciar esse processo, mas é um processo que se está a consolidar a um bom ritmo. Esta é a primeira prioridade da estratégia, então para a FAO é um motivo de orgulho e um motivo para apoiar prioritariamente este processo em todos os países”, sublinhou.
ANG/Inforpress/Lusa
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