Taiwan diz que São Tomé e Príncipe pediu “quantia astronómica” em apoio
financeiro
Bissau, 21 dez 16 (ANG)
- Taiwan acusou hoje São Tomé e Príncipe de pedir "uma quantia astronómica
em apoio financeiro", depois de o país ter anunciado a decisão de cortar
relações diplomáticas com a ilha e reconhecer a República Popular da China.
Taipé apoiou São
Tomé "dentro das suas possibilidades", mas não conseguiu satisfazer
as "exigências" do país africano, afirmou em conferência de imprensa
o ministro dos Negócios Estrangeiros taiwanês, David Lee.
O ministério disse
ainda, através de um comunicado, que São Tomé tentou "tirar proveito ao
balançar entre os dois lados do Estreito" de Taiwan.
Taiwan
"lamenta a decisão abrupta e hostil do Governo de São Tomé e Príncipe e
condena a sua acção", refere o ministério.
Segundo um
diplomata taiwanês, citado pela agência de notícias EFE, a decisão de São Tomé
surge depois de Taiwan ter rejeitado um pedido do país de 100 milhões de
dólares em apoio financeiro.
São Tomé e
Príncipe anunciou na terça-feira a decisão de cortar relações diplomáticas com
Taiwan e reconhecer a República Popular da China, aceitando Pequim como o único
Governo chinês legítimo.
Pequim considera
Taiwan uma província chinesa e defende a "reunificação pacífica". Já
Taiwan, a ilha onde se refugiou o antigo Governo chinês depois de o Partido
Comunista (PCC) tomar o poder no continente, em 1949, assume-se como República
da China. Pequim e Taipé afirmam que existe uma só China.
São Tomé e
Príncipe suspendeu as relações diplomáticas com Pequim em 1997, reconhecendo
Taiwan.
Taiwan era um dos
quatro "tigres asiáticos", ao lado da Coreia do Sul, Hong Kong e
Singapura. Apoiada numa pujante economia, a ilha investia muito dinheiro na
expansão do seu espaço político internacional.
Entretanto, a
República Popular da China tornou-se a segunda maior economia mundial.
Desde 2000, Pequim
concedeu quase 100 mil milhões de dólares (96 mil milhões de euros) em
assistência financeira aos países africanos, tornando-se o principal parceiro
comercial do continente.
O corte de
relações com Taiwan abre a porta à entrada de São Tomé no Fórum para a
Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua
Portuguesa, conhecido como Fórum Macau, criado em 2003 por Pequim.
A decisão de São
Tomé reduz para 21 os Estados que mantêm laços diplomáticos com Taipé,
incluindo dois em África - Suazilândia e Burkina Faso - e a Santa Sé.
O Governo chinês
agradeceu hoje a São Tomé e Príncipe e deu-lhe “as boas-vindas ao regresso” do
país “ao lado certo do princípio 'Uma só China'".
"O princípio
'Uma só China' [visto por Pequim como garantia de que Taiwan é parte do seu
território] é o pré-requisito e base política para a China manter e desenvolver
relações amigáveis e de cooperação com outros países", afirmou Hua
Chunying, porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, citado num
comunicado.
Num comunicado
divulgado na terça-feira, o Governo de São Tomé refere a "conjuntura
internacional actual e a sua perspectiva de evolução”, assim como “a agenda de
transformação do país e os objectivos de desenvolvimento do milénio", como
motivos da ruptura com Taiwan.
"As tensões
prevalecentes no plano internacional, a multipolarização dos centros de
decisão, bem como a defesa cada vez mais aguerrida dos interesses nacionalistas
por parte dos principais atores da cena internacional em detrimento do
multilateralismo, opção de longe mais favorável a expressão dos pequenos
estados", foram ainda razões apontadas pelo governo são-tomense.
ANG/inforpress/Lusa
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