"Adverti
ao PR das consequências de demissão do governo de Domingos", diz Francisco
Benante
Bissau, 23 Dez 16 (ANG) - O ex-presidente de Assembleia
Nacional Popular, Francisco Benante afirmou
que havia alertado ao Presidente da República sobre as "graves" consequências
para o pais, que a demissão do governo liderado por Domingos Simões Pereira
iria ter.
Numa recente entrevista a Rádio Bombolom FM reproduzido
pelo jornal Última Hora na sua edição desta semana,Francisco Benante apelou ao Presidente da República a meditar
profundamente e a recuar nas suas decisões com intuito de garantir estabilidade
ao povo e promover o desenvolvimento do país.
“Estou preocupado com a situação do país por falta de controlo interno. As pessoas falam
sem limites, cada um dá a sua opinião, já não se pode saber quem é que sabe
algo na verdade”, disse o ex-Presidente da ANP.
Francisco salientou que a política é para servir os
outros e não para ir contra as suas vontades.
Acrescentou que a actual situação é bastante perigosa e
que o povo guineense se encontra dividido mais do que no período do 7 de junho,
e que todo o processo da crise está a
volta do Presidente da República.
“O processo de construção do Estado da Guiné-Bissau
contínua com erros. Não sabemos se o multipartidarismo foi bem ou mal concebido
no país, mas ficou claro de que tem
causado dissabores aos guineenses desde a guerra de 7 de junho de 1989”,
lamentou.
Referindo-se ao Acordo e Conacri em relação ao qual o
PAIGC e varios outros partidos acusam o Presidente da Republica de não estar a
cumprir, Benante disse que só resta a
sua implementação, justificando que o mesmo é a sequência do Acordo de Bissau,
e que, por isso, deve ser respeitado.
O acordo de Conacri prevê a criação de um
Primeiro-ministro de consenso e formação de um governo inclusivo conforme
representação parlamentar dos partidos, e ainda com personalidades
independentes.
O referido acordo
atribui ao Presidente da República a competência de designar um
Primeiro-ministro de consenso mas de sua confiança.
No uso dessa competência, Umaro Sissoco Embaló foi
nomeado novo Primero-ministro, mas a sua nomeação foi protestada pelo PAIGC e
mais outros partidos que alegaram não ter sido a figura de consenso retida na reunião de
mediação promovida pela CEDEAO, na vizinha República da Guiné-Conacri.
No passado dia 17 numa reunião em Abuja/Nigéria, o
medianeiro da CEDEAO, Alpha Condé revelou que o nome de consenso retido em
Conacri foi o de Augusto Olivais, dirigente do PAIGC, partido vencedor das
últimas eleições legislativas.
Desde a demissao, há dois anos, do governo liderado por
Domingos Simões Pereira que a Guiné-Bissau se mergulhou numa crise permanente e
já vai no quinto governo.
ANG/AALS/JAM/SG
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