Novo
director-geral preocupado com problemas
financeiros da organização
Bissau, 17 fev 20 (ANG) – O novo
director-geral da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) admitiu que
a situação financeira da organização é um dos aspectos que mais o preocupa no
início do seu mandato de três anos.
“Preocupa, preocupa, porque, obviamente,
a CPLP tem que funcionar, o secretário-executivo tem que funcionar. Há
projectos em curso, há diligências e actividades que estão previstas. Em
Setembro, teremos a cimeira de chefes de Estado em Luanda e Angola vai presidir
a partir de Setembro à CPLP”, afirmou o diplomata são-tomense, Armindo Brito
Fernandes, numa entrevista à Lusa nesta semana em que tomou posse.
Uma preocupação que considerou não será
só sua, mas “de todos os Estados-membros”.
Assim, um dos primeiros passos que irá
dar como director-geral, “nos próximos dias”, é contactar os embaixadores
representantes dos Estados-membros da CPLP, em Lisboa, sendo as contribuições
em atraso por parte de alguns dos países um dos temas a discutir.
Quanto ao atraso do pagamento da quota
por parte do seu país, São Tomé e Príncipe, o diplomata afirmou que abordou
esse assunto ainda antes de tomar posse, na cerimónia pública que decorreu na
última segunda-feira, na sede da CPLP, em Lisboa.
Armindo Brito Fernandes referiu que fez
“uma abordagem” sobre o pagamento das contribuições com o primeiro-ministro
são-tomense, Jorge Bom Jesus, bem como com o Presidente da República, Evaristo
Carvalho, e o presidente da Assembleia Nacional, Delfim Neves.
“Obviamente, falamos sobre a CPLP no seu
contexto actual, do seu funcionamento, dos desafios, e evocamos também a
questão das contribuições”, comentou, afirmando ter recebido a garantia do
Governo são-tomense de que as quotas serão pagas em breve.
O diplomata sublinhou que, sobre as
contribuições em atraso de alguns Estados, “há contactos ao nível do
secretário-executivo”, que é o responsável máximo do secretário-executivo, que
tutela o director-geral.
“Acredito que há contactos permanentes
(…) e há também uma disponibilidade dos Estados para tudo fazer para que essa
questão se resolva”, afirmou.
Caso contrário, alertou: “Estaríamos a
comprometer o funcionamento de um órgão tão importante como é (…) o
secretário-executivo, ao qual compete implementar as decisões dos outros órgãos
estatutários, da Conferência de Chefes de Estado, do Conselho de Ministros, do
Comité de Concertação”.
Questionado sobre os países que têm
contribuições em atraso, o diplomata não quis revelar nomes.
Para já, assegurou que não está em risco
a organização da cimeira de chefes de Estado e de Governo dos Estados-membros
da CPLP, marcada para 02 e 03 de Setembro em Luanda.
“Esta cimeira será organizada com
normalidade. Uma coisa é estarmos a falar das contribuições em atraso, outra
coisa, diferente, é estarmos a falar de anormalidade que impeça o
funcionamento. Haverá aqui alguma relação, mas eu acredito que a CPLP não está
nesta situação”, afirmou.
Na sequência, reforçou que “o pagamento
da contribuição é uma obrigação estatutária dos estados. Portanto, os estados
saberão dar resposta a esta necessidade”.
Além da prioridade financeira, o novo
director-geral da CPLP disse que há um processo, já iniciado, que lhe parece
“necessário concluir” e que tem a ver com “o reforço institucional do
secretário-executivo”. Outro caso que apontou é o dos estatutos dos
funcionários da CPLP.
“Isto é algo muito importante à luz do
acordo de sede”, que a organização estabeleceu com Portugal, aquando da
instalação da sua sede em Lisboa.
Por isso, durante o seu mandato prometeu
dar “uma atenção muito particular ao secretário-executivo, ao seu
funcionamento, à sua organização e à definição clara do estatuto dos
funcionários da CPLP, dos seus direitos e dos seus deveres”.
Neste contexto, defendeu um mandato mais
alargado para o secretário-executivo. “Não acredito que em dois anos se possa
desenvolver, iniciar e concluir um trabalho dentro das atribuições que são
dadas ao secretário-executivo”, afirmou.
“Penso que o secretário-executivo deve
ser nomeado nas condições em que é, mas para um mandato (…) mais alargado”,
sustentou.
Actualmente, Portugal detém o cargo de
secretário-executivo, através do embaixador Francisco Ribeiro Telles.
O lugar é ocupado sucessivamente pelos
países por ordem alfabética e tem um mandato de dois anos, mas a prática normal
era que cada secretário-executivo cumprisse dois mandatos consecutivos.
No entanto, após uma proposta de
Portugal, São Tomé e Príncipe (Maria do Carmo Silveira) sucedeu a Moçambique
(Murade Murargy), em 2017, por um mandato único, tal como a Ribeiro Telles,
cujo mandato termina no final deste ano.
Além disso, Brito Fernandes disse
pretender envolver-se “no desenvolvimento de outras atividades ligadas aos três
pilares da CPLP: concertação política e diplomática, cooperação a todos os
níveis e promoção da língua portuguesa”.
Embaixador do quadro da carreira
diplomática de São Tomé e Príncipe, Armindo Brito Fernandes exercia desde 2013
funções de coordenação e gestão no Ministério dos Negócios Estrangeiros,
Cooperação e Comunidades de São Tomé e Príncipe, com responsabilidades na área
do Fundo Europeu de Desenvolvimento.
Como diplomata, foi embaixador em
Angola, encarregado de negócios na Bélgica e chefe da missão diplomática de São
Tomé e Príncipe junto da União Europeia.
Integram a CPLP Angola, Brasil, Cabo
Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e
Príncipe e Timor-Leste. ANG/Inforpress/Lusa
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