Morreu Marcelino
dos Santos
Bissau, 12 fev
20 (ANG) - Marcelino dos Santos, membro fundador da Frente de Libertação de
Moçambique, onde chegou a vice-presidente, morreu na terça-feira aos 90 anos,
vítima de doença prolongada.
O político viveu de forma tão
intensa a causa nacionalista e à Frente de Libertação de
Moçambique, movimento criado em 1962, que chegou a afirmar: "Não sou
da Frelimo, sou a Frelimo".
Antes da Frelimo, contudo, Marcelino
dos Santos já tinha mostrado um forte interesse pela causa da independência de Moçambique.
Durante a sua estada pela capital portuguesa, Lisboa, entre 1948 e
1951 destacou-se, na Casa dos Estudantes do Império e no Centro de Estudos
Africanos, como militante anticolonialista.
No entanto, face à perseguição movida
pela PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado), teve que abandonar
Portugal e mudou-se para Paris, onde estreitou a relação com o nacionalista
angolano Mário Pinto de Andrade.
Os dois estabeleceram vínculos de amizade
e camaradagem com quase todos os dirigentes dos movimentos que conduziram as
antigas colónias francesas de África à independência.
Marcelino dos Santos foi também uma
destacada figura na política de Moçambique no
pós-independência, alcançada em 1975, com um papel preponderante na
construção do Estado.
Um dos símbolos do nacionalismo
africano, foi Ministro da Planificação e Desenvolvimento, cargo que deixou
em 1977 com a constituição do primeiro parlamento do país, nessa altura
designado por “Assembleia Popular”, do qual foi presidente até à realização das
primeiras eleições multipartidárias do país, em 1994.
Nos últimos anos, Marcelino dos Santos,
pouco era visto publicamente, dado os estado de saúde débil, que acabou por
calar a voz do combatente, político, poeta e revolucionário.
O anúncio da morte partiu do chefe de
Estado,Filipe Nyusi, no final de um comício em Pemba, província de Cabo Delgado.
"Perdemos o nosso ícone, o camarada
Marcelino dos Santos. Não esperámos que acontecesse o que hoje aconteceu para o
declararmos nosso herói”,”, disse acrescentando: “porque ele já foi proclamado herói
nacional”.ANG/RFI
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