Prospecção do Petróleo na zona conjunta deve arrancar este ano
Bissau,12 Fev 20(ANG) - Uma empresa canadiana
quer iniciar, ainda este ano, a prospeção de petróleo na zona conjunta entre
Guiné-Bissau e Senegal, de acordo com as apresentações às populações
ribeirinhas que terça-feira se realizou.
A canadiana OP AGC Central Lda, uma das duas empresas estrangeiras que detêm as
seis licenças de prospeção do petróleo na zona de exploração conjunta (ZEC),
constituída entre a Guiné-Bissau e o Senegal, esteve terça-feira reunida com
entidades públicas e privadas e autoridades tradicionais das regiões de Cacheu,
Bolama, Biombo e Bissau.
Em
declarações à Lusa, Mamadou Samba, consultor senegalês ao serviço da OP AGC,
disse que, para já, está em curso a auscultação que levará às consultas
públicas para depois se elaborar um documento de avaliação do impacto ambiental
que a exploração do petróleo trará na vida daquelas populações.
Na
reunião de terça-feira, estiveram presentes os régulos (chefe tradicional),
líderes comunitários, jovens, administradores setoriais, governadores
regionais, técnicos e pessoal das Organizações Não Governamentais (ONG) que
abordaram com a empresa as medidas que serão tomadas ante do início das atividades de prospeção.
Alberto
Manga, régulo de Sucudjake, localidade guineense próxima da fronteira com o
Senegal, disse que está preocupado com o futuro da pesca e agricultura,
atividades que suportam o sustento da população da sua zona.
Questões
como o derrame do crude, o lixo, a poluição e a compensação financeira são,
entre outras, as preocupações levantadas por vários intervenientes na sessão
que decorreu na sede do Instituto da Biodiversidade e Áreas Protegidas (IBAP),
em Bissau.
“A OP
AGC pretende iniciar a prospeção, com a abertura de pelo menos dois poços,
ainda no decurso deste ano”, lê-se num documento entregue à Lusa em que a
empresa assinala os passos que deve dar ao abrigo da lei do petróleo do
Senegal, sede do grupo.
Pedro
Quade, da ONG "Tiniguena", destacada em questões de proteção
ambiental e exploração racional dos recursos, exortou a empresa sobre a
necessidade de um envolvimento de mais organizações comunitárias nas auscultações,
bem como de entidades estatais guineenses, nomeadamente a Petroguin (estatal
guineense dos petróleos) e a Direção-geral da Geologia e Minas.
Presente
no encontro, Artur Silva, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros guineense e
diretor da ZEC reconheceu que as preocupações das populações ribeirinhas são
legitimas, e garantiu que tudo será levado em conta no momento da avaliação do
impacto ambiental de uma futura prospeção do petróleo.
"Nem
estamos sequer na fase de exploração do petróleo, apenas estamos a falar de
pesquisa, em locais que ainda nem sequer estão determinados", notou Artur
Silva, frisando que a agência que dirige assiste às auscultações na qualidade
de convidada da empresa.
A ZEC
foi constituída em 1993, após disputas nos tribunais internacionais entre a
Guiné-Bissau e o Senegal e comporta cerca de 25 mil quilómetros quadrados da
plataforma continental.
Com a
sede em Dacar, Senegal, a ZEC é considerada rica em recursos haliêuticos, cuja
exploração determina 50% para cada um dos Estados e ainda hidrocarbonetos
(petróleo e gás), mas ainda em fase de prospeção.
A
Guiné-Bissau dispensou 46% do seu território marítimo para constituir a ZEC e o
Senegal 54%.
As
receitas futuras da exploração de petróleo serão divididas entre o Senegal
(85%) e a Guiné-Bissau (15%).ANG/Lusa
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