terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Saúde pública/HIV


   Contaminação diminui no mundo, menos na Ásia central e no leste europeu
Bissau, 03 dez 19 8ANG) - Segundo dados divulgados pela Unaids, uma baixa global de 40% nas contaminações foi registrada no mundo desde o final dos anos 1990 e além disso, cerca de 700 mil pessoas morreram vítimas da doença, o que representa um terço a menos que em 2010.
 
No entanto, em regiões como o leste europeu ou na Ásia central o número de pessoas contaminadas não para de crescer. Nos últimos seis anos, 30% de novos casos foram confirmados nessa parte do planeta.
Segundo o professor Michel Kazatchkine, enviado especial das Nações Unidas sobre questões de HIV-Aids na região, esses dados são fruto de um contexto econômico, já que a epidemia nessa zona do globo começou na década de 1990, período de grande crise, marcada por um alto índice de usuários de drogas intravenosas. “Sabemos que as pessoas que se injetam drogas têm 22 vezes mais chances de se infectarem com o HIV que o restante da população”, avalia o especialista.
Além disso, continua a professor, o vírus se propagou em países nos quais os sistemas de saúde eram – e muitos ainda continuam – deficientes. “Os médicos não estavam preparados. Para eles, a Aids era uma doença do Oeste ou da África”, resume.
“As autoridades locais não tinham verba e tanto o governo como a sociedade reagiam com discriminação diante do vírus, o que fez com que as pessoas contaminadas, principalmente nos grupos mais atingidos, tivessem pouco acesso ao diagnóstico e aos tratamentos. Todos esses fatores reunidos explicam porque a epidemia ainda não foi controlada”, conclui.
As autoridades insistem na necessidade de prevenção, com campanhas de comunicação e sensibilização e principalmente o uso do preservativo. Mas os especialistas incentivam cada vez mais a adoção do protocolo de PrEP(Profilaxia Pré-exposição), um tratamento preventivo considerado eficaz em mais 95% dos casos.

No entanto, como lembra o professor François Dabis, diretor da Agência francesa de pesquisa sobre a Aids, esse método ainda é pouco aplicado. “A PrEP existe na maior parte dos países e é integrado na maioria dos programas de prevenção, mas ainda é pouquíssimo utilizada”, avalia o especialista.
“Na África, por exemplo, pouca gente tem acesso. Não faz muito tempo que os profissionais da saúde começaram a ser formados para preconizar esse protocolo”.  ANG/RFI

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