Covid-19/Dificuldades económicas limitam acesso
da comunidade guineense às máscaras
Bissau, 08 mai 20 (ANG) - As dificuldades económicas são um entrave à
aquisição de material de protecção, como máscaras, por parte da comunidade
guineense que, devido ao desemprego, já começa a procurar outros países para
trabalhar, de acordo com um dirigente associativo.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da Associação Guineense de
Solidariedade Social (Aguinenso), João Tatis Sá, referiu que são cada vez mais
visíveis os sinais da crise junto desta comunidade e, por consequência, é cada
vez maior o número de pessoas a quem a associação acode com bens essenciais.
Mas além da questão alimentar, com o
Banco Alimentar Contra a Fome a ser muito procurado por guineenses em Portugal,
que também encontram ajuda nas mesquitas, a Aquinenso está preocupada com as
barreiras económicas no acesso a produtos de protecção contra a covid-19, como
máscaras e desinfectantes.
“Já procedemos à entrega deste material
e estamos a procurar formas de conseguir mais máscaras e desinfectantes para
oferecer a esta população, que tem muitas dificuldades económicas nesta altura,
com a perda de empregos, nomeadamente em alguns serviços de limpeza e na
construção civil, sector que tem estado parado”, disse.
E acrescentou: “Por um lado promovemos o
uso deste material, mas por outro nem todos os cidadãos têm meios para o
adquirir. É aqui que a associação está a tentar ajudar, numa área que nunca
tinha existido, pois até agora tem-se limitado mais à distribuição de bens
essenciais”.
Com mais de 16 mil guineenses em
Portugal, a comunidade começa a sentir o primeiro impacto das medidas de
restrição impostas para travar a pandemia do novo coronavírus.
Com pouco mais de 16 mil pessoas, os
guineenses são a décima nacionalidade estrangeira mais representativa em
Portugal, trabalhando em vários sectores, como construção civil e nas limpezas.
O sector das limpezas foi o que
inicialmente sofreu um maior impacto do confinamento, com muitas mulheres a
ficarem em casa ou a serem impedidas de trabalhar nas residências onde
laboravam.
Contudo, João Tatis Sá indica que se
regista um regresso da actividade, ainda que lento, o mesmo não acontecendo com
a construção civil, que continua a limitar-se a algumas obras que não chegaram
a parar, embora tenham abrandado.
Esta será uma das razões por que vários
guineenses já começaram a procurar saídas profissionais em outros países,
nomeadamente Reino Unido e França.
A nível global, segundo um balanço da
agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou cerca de 267 mil
mortos e infectou mais de 3,8 milhões de pessoas em 195 países e territórios.
Cerca de 1,2 milhões de doentes foram
considerados curados.
Em Portugal, morreram 1.105 pessoas das
26.715 confirmadas como infectadas, e há 2.258 casos recuperados, de acordo com
a Direcção-Geral da Saúde.
Portugal entrou domingo em situação de
calamidade, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde
19 de Março.
Esta nova fase de combate à covid-19
prevê o confinamento obrigatório para pessoas doentes e em vigilância activa, o
dever geral de recolhimento domiciliário e o uso obrigatório de máscaras ou
viseiras em transportes públicos, serviços de atendimento ao público, escolas e
estabelecimentos comerciais.
A doença é transmitida por um novo
coronavírus detectado no final de Dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da
China. ANG/Angop
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