“Portugal
não tinha outra saída a não ser o reconhecimento da Guiné-Bissau como estado
independente e soberano” diz o Politólogo Pedro Milaco
Bissau 10 Set 14 (ANG) – O Politólogo
guineense Pedro Morato Milaco disse que Portugal não tinha outra alternativa a que
não seja o reconhecimento da Guiné-Bissau como um estado independente à 10 de
Setembro de 1974, porque a maioria dos países do mundo o havia feito desde há
um ano.
Morato Milaco que falava à
ANG por ocasião de mais um aniversário da data do reconhecimento “in jure” da independência
da Guiné-Bissau pelas autoridades colonialistas portugueses acrescentou que
também no plano militar o exército luso tinha perdido a guerra contra os
guerrilheiros do PAIGC.
Pedro Milaco disse que
Portugal como “potencia teimosa” ainda estava a oscilar, mas acabou por aceitar
mais tarde, porque o movimento que fez golpe em Portugal tinha proclamado a
independência incondicional aos países colonizados.
Milaco sustentou que essa
proclamação ia contra alguns interesses da potência colonizadora que queria uma
independência neo-colonial mas a Guiné-Bissau já tinha proclamado a
independência total.
Para o politólogo uma das
principais causas que motivaram Portugal a reconhecer oficialmente a Guiné-Bissau
é que este país já tinha perdido a guerra porque o PAIGC, nesta altura, já
ocupava todo o território nacional e já tinha implantado nas zonas libertadas o
aparelho de estado, os armazéns do povo, escolas, hospitais, e a tropa colonial
ficava limitada aos centros urbanos quer em Bissau quer nas regiões do interior.
“É preciso salientar que só
depois do reconhecimento da Guiné-Bissau como um estado soberano e de direito
por parte de Portugal é que o país entrou nas Nações Unidas, isto é, passou a
fazer parte do concerto das nações”, lembrou Milaco.
Perguntado se valeu a pena a
independência volvidos quarenta anos disse que valeu a pena ser independente.
“Se o país foi dirigido mal
durante estes anos todos sem que houvesse melhoria em todos os sectores, esse facto
não invalida o direito à independência”, disse.
“ Eu acho que até podíamos
ser independentes sem a luta armada. Fomos obrigados a fazê-lo por causa da
natureza do próprio colonialismo português, que foi um colonialismo bárbaro, selvagem de terror e
violento. Muita gente diz que Cabral não devia fazer a guerra contra os
portugueses mas ele não tinha escolha, foi obrigado pelos próprios portugueses
a fazê-lo, é a consequência da insistência de Portugal”, referiu o politólogo.
Pedro Milaco disse que apesar de tudo nestes 40
anos passados depois da independência foi feito alguma coisa se compararmos com
a época colonial.
Por exemplo, acrescenta, as
estradas aumentaram assim como os hospitais e escolas apesar de muita coisa que
podia ser feito ficou sem se fazer.
ANG/MSC/SG
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