ONU denuncia agravamento da situação e culpa países estrangeiros
Bissau, 19 nov 19 (ANG) - O
enviado da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Líbia, Ghassan Salamé,
denunciou segunda-feira um acentuado agravamento do conflito em Tripoli e
responsabilizou a intervenção de vários países estrangeiros. "Os
perigos e as consequências directas da interferência estrangeira são cada vez
mais evidentes", disse Salamé ao Conselho de Segurança da ONU por
videoconferência a partir da Tunísia, citado pela Lusa.
O diplomata afirmou que a
crescente presença de mercenários e combatentes de organizações militares
estrangeiras está a aumentar a violência e destacou que os ataques aéreos,
especialmente o uso de drones (aparelhos aéreos não tripulados), se tornaram um
elemento-chave de um conflito que, de outro modo, seria de baixa intensidade.
Segundo a ONU, desde que o
marechal líbio Khalifa Haftar avançou com uma ofensiva militar em Abril passado
contra Tripoli, sede do governo de acordo nacional líbio estabelecido em 2015 e
reconhecido pela organização, registaram-se pelo menos 800 ataques com
aeronaves não tripuladas em seu favor.
Ao mesmo tempo, houve cerca de
240 ataques com drones em apoio ao governo de acordo nacional líbio.
Salamé iniciou a sua
intervenção condenando o ataque aéreo que hoje atingiu uma fábrica de biscoitos
nos subúrbios a sul de Tripoli e que matou pelo menos sete pessoas que ali
trabalhavam, deixando outras 30 feridas, segundo o Ministério da Saúde local.
As recentes informações da ONU,
por seu lado, indicam que o ataque resultou em 10 vítimas mortais e pelo menos
35 feridos.
As Nações Unidas estão a
verificar o que aconteceu no ataque que, segundo Salamé, pode constituir um
crime de guerra.
Fontes próximas ao governo
apoiado pela ONU atribuíram o bombardeamento aos Emirados Árabes Unidos, aliado
do marechal Haftar, que também tem apoio aéreo militar da Arábia Saudita e do
Egipto e apoio bélico da Rússia e da França.
O enviado da ONU assegurou que
existe o risco de a participação estrangeira no conflito se sobrepor à nacional
e que o futuro dos líbios não estará nas suas próprias mãos.
"É do interesse de todos
os líbios rejeitar a interferência exterior nos assuntos do seu país e espero o
seu apoio para exigir aos atores estrangeiros que cumpram com o embargo de
armas e se comprometam a terminar o conflito antes que seja demasiado
tarde", afirmou Salamé.
A Líbia é um país imerso num
caos político e de segurança desde a queda do governo de Muammar Kadhafi em
2011 e devido a divisões e lutas de poder entre diversas milícias e tribos.
Alguns países estrangeiros têm
sido acusados de conduzir uma guerra por procuração naquele território desde o
início da ofensiva conduzida pelo marechal Haftar.
Leal a Haftar, o Exército
Nacional Líbio é a maior e a mais bem organizada das muitas milícias que
existem no território líbio e conta alegadamente com o apoio do Egipto, dos
Emirados Árabes Unidos e da Arábia Saudita.
Já do lado do governo de acordo
nacional líbio, os apoios apontados surgem do Qatar e da Turquia.
Os combates registados ao longo
dos últimos meses já fizeram mais de mil mortos e 120 mil deslocados, de acordo
com as Nações Unidas.
ANG/Angop
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