Bissau, 22 Nov 19(ANG) - A representante das Nações
Unidas na Guiné-Bissau, Rosine Sori-Coulibaly, avisou quinta-feira que a
comunidade internacional está atenta à situação no país e manifestou esperança
que as presidenciais de domingo possam "acabar com o ciclo de
instabilidade".
Em
entrevista à agência Lusa, em Bissau, a representante especial do
secretário-geral da ONU, António Guterres, e responsável pela Missão Integrada
das Nações Unidas para a Consolidação da Paz e Segurança na Guiné-Bissau
(Uniogbis) considerou que "o país caminha na boa direção", mas
advertiu que "se houver uma crise mais grave, a
comunidade internacional tem de estar lá".
Segundo
a representante, oriunda do Burkina Faso, a comunidade internacional deve "lembrar que são necessárias regras e
princípios" que devem ser cumpridos.
Questionada
sobre a possibilidade de imposição de sanções caso se mantenha a crise política
no país após as eleições presidenciais, Rosine Sori-Coulibaly referiu que a
ONU "não impõe sanções de forma gratuita", recordando
que isso aconteceu em 2012, mas devido "a um golpe de Estado após as
eleições".
"A nossa
esperança é que as eleições presidenciais de 24 de novembro possam pôr fim a
este ciclo de instabilidade política e institucional" e que tudo decorra "com normalidade", antes e depois das eleições,
afirmou a representante.
"É isso que a comunidade
internacional espera porque o mandato desta missão é político, veio acompanhar
o diálogo político e o processo de paz neste país", acrescentou.
O
objetivo, disse, é que "o programa de desenvolvimento possa desenrolar-se
normalmente, que o Governo seja capaz de encontrar soluções para as
necessidades da população e que os parceiros possam ajudar de acordo com as
prioridades do país".
Rosine
Sori-Coulibaly se congratulou com os atores políticos,
o povo da Guiné-Bissau e os parceiros que acompanham o país porque as
"legislativas decorreram em condições normais, a assembleia nacional está
constituída, os representantes do povo estão em funções", e disse
esperar que as presidenciais de domingo "fecham o ciclo eleitoral".
A
responsável considerou que estão criadas as condições para a realização das
eleições porque "os 12 candidatos fizeram campanha" e a "população está mobilizada".
A
Uniogbis está no país desde 1999 e o atual mandato termina em dezembro de 2020,
estando previsto que o Conselho de Segurança reavalie a situação em fevereiro
próximo.
A
Guiné-Bissau voltou a viver um clima de tensão política no final de outubro
após o Presidente José Mário Vaz ter demitido o Governo de Aristides Gomes,
saído das legislativas de 10 de março, e nomeado um outro liderado por Faustino
Imbali.
Grande
parte da comunidade internacional opôs-se a estas decisões e a Comunidade
Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) exigiu a demissão de Imbali,
sob pena de impor "pesadas sanções" aos responsáveis pela
instabilidade política.
Também
o Conselho de Segurança das Nações Unidas ameaçou com novas sanções "todos aqueles que minem a
estabilidade" na Guiné-Bissau e apelou à "conduta ordenada" dos
atores políticos".
Imbali
acabou por se demitir, pouco antes de serem conhecidas as decisões dos chefes
de Estado da CEDEAO, que se reuniram numa cimeira extraordinária no Níger, em
08 de novembro, que decidiram
reforçar a presença da força de interposição Ecomib no país e advertir o
Presidente guineense de que qualquer tentativa de usar as forças armadas para
impor um ato ilegal será "considerada
um golpe de Estado".
Mais de
760 mil eleitores escolhem no domingo o próximo Presidente entre 12 candidatos.
A campanha eleitoral termina na sexta-feira e no país estão 23 observadores da
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), 54 da União Africana, 60 da
CEDEAO e 47 dos Estados Unidos da América. ANG/Lusa
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