Embaixador confirma que pressionou
Ucrânia por ordem “expressa” de Trump
Bissau, 21 nov 19 (ANG) - O
embaixador dos EUA na União Europeia, Gordon Sondland, afirmou quarta-feira no Congresso que pressionou o
governo da Ucrânia a investigar as actividades da família de Joe Biden, rival
político do Presidente norte-americano, por "instruções expressas" de
Donald Trump.
Durante a audição pública na comissão de
inquérito para destituição de Trump, Sondland acrescentou ainda que houve uma
relação de troca ("quid pro quo") entre a entrega de ajuda militar à
Ucrânia e a investigação à família Biden e que transmitiu preocupação sobre
esse facto ao vice-presidente, Mike Pence.
Adiantou que ficou surpreendido por mais
ninguém ter partilhado com ele a preocupação com a estratégia do presidente
para o caso ucraniano.
Na versão do embaixador, que foi um
empenhado apoiante da candidatura presidencial de Donald Trump, a pressão sobre
o governo ucraniano para realizar a investigação à família Biden foi impelida
por Rudolph Giuliani, advogado pessoal de Donald Trump.
"Giuliani exprimiu os desejos do
presidente dos Estados Unidos e sabíamos que essas investigações eram
importantes para o presidente", disse Sondland, perante a comissão de
inquérito.
Gordon Sondland já tinha prestado
depoimento no Congresso, em privado, mas pediu para actualizar e corrigir as
suas declarações iniciais, tendo quarta-feira confirmado a existência de uma
pressão sobre o executivo ucraniano, para benefício político de Donald Trump.
Na declaração pública no Congresso,
Sondland confirmou que agiu perante o governo da Ucrânia sob "ordens do
presidente" e que elas pressupunham a pressão para investigação sobre
Hunter Biden, filho de Joe Biden, e a sua actividade junto de uma empresa
ucraniana, Barisma, suspeita de corrupção, em troca de ajuda militar e de uma
reunião do líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, na Casa Branca.
"Ficou claro para todos" os
que participaram no processo que uma reunião na Casa Branca para o presidente
da Ucrânia e um telefonema com Trump só aconteceriam se o presidente Volodymyr
Zelensky concordasse em lançar uma investigação sobre as eleições nos EUA em
2016 e sobre o filho do ex-vice-presidente Joe Biden, disse Sondland.
O embaixador disse que enviou um
'e-mail' para o Departamento de Estado, antes do telefonema entre Trump e
Zelensky, no dia 25 de Julho, revelando estas questões.
No início do depoimento de Sondland, o
representante republicano Devin Nunes disse que lamentava que o embaixador
fosse obrigado a comparecer no Congresso, "para este circo", e
anunciou que o seu partido vai pedir a comparência no Congresso do funcionário
da CIA que denunciou o caso, bem como de Hunter Biden.
Donald Trump, 73 anos, está sob
investigação do Congresso num inquérito para a sua destituição ('impeachment'),
acusado de abuso de poder no exercício do cargo.
Trump é suspeito de ter pressionado o
presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, a investigar uma empresa ucraniana
da qual foi administrador o filho do ex-vice-presidente Joe Biden, dado como
favorito a concorrer pelos democratas nas eleições de 2020, em troca de uma
ajuda militar dos EUA.
O 45.º Presidente norte-americano, em
funções desde 20 de janeiro de 2017, qualificou a investigação como uma
"caça às bruxas".
As audições públicas do inquérito
arrancaram em 13 de Novembro.
Se as conclusões do inquérito forem
aprovadas por maioria simples na Câmara dos Representantes, o processo segue
para o Senado, sendo necessária uma maioria de dois terços para a destituição
de Trump.ANG/Angop
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