Bissau, 29 nov 19 (ANG) - O Presidente cessante da
Guiné-Bissau, José Mário Vaz, disse quinta-feira que não foi reeleito por ter
demitido o primeiro-ministro Aristides Gomes, em cumprimento da Constituição
que "obriga à demissão" do Governo quando há formação de uma nova
maioria.
O
Presidente cessante falava aos jornalistas na sua sede de candidatura às
eleições presidenciais do passado domingo, em Bissau, onde fez uma declaração à
imprensa de cerca de 15 minutos, sem direito a perguntas.
"Num atentado à nossa soberania, a CEDEAO [Comunidade Económica dos
Estados da África Ocidental] foi ludibriada a fim de ditar limitações ilegais
ao mandato do chefe de Estado, apesar da lei eleitoral da Guiné-Bissau ser
clara e inequívoca ao estabelecer que o mandato termina com a realização de eleições,
que se devem realizar entre os dias 23 de outubro e 25 de novembro", afirmou José Mário Vaz.
Segundo
o Presidente cessante, a "comunidade de interesses" violou
a Carta da Organização das Nações Unidas e "impediu o cumprimento do
ditame constitucional que obriga à demissão do Governo minoritário quando a
dinâmica constitucional dá lugar à formação de uma nova maioria, celebrada um
mês antes das eleições" de domingo (reunindo o Madem, PRS e APU).
Na
declaração, José Mário Vaz agradece também às forças de defesa e segurança
pelo "comportamento
republicano".
"A acalmia, o sossego, a liberdade, a paz social e a tranquilidade interna
conquistadas nos últimos cinco anos são um legado comum das forças de defesa e
segurança e do chefe de Estado", disse,
pedindo aos militares e à polícia para continuarem naquele "timbre".
Aos
jovens, o Presidente cessante pede para continuarem a combater a corrupção e
a "comunidade de
interesses", que impede a soberania, aconselhando-os a
desenvolver o setor agrícola, o turismo e a pesca artesanal, que "podem dar de comer a todos os guineenses
e dar emprego aos jovens" e ser o motor
da economia.
"Assim, os nossos recursos marinhos e a nossa riqueza mineral permaneceriam
como a reserva económica e estratégica para gerações futuras e evitaria a
cobiça e a ganância que podem provocar a instabilidade política no nosso país
patrocinada pela comunidade de interesses", afirmou.
José
Mário Vaz não passou à segunda volta das eleições presidenciais na
Guiné-Bissau, marcadas para 29 de dezembro, tendo obtido 12,41% dos votos.
A
segunda volta das presidenciais vai ser disputada entre Domingos Simões Pereira
e Umaro Sissoco Embaló.
Domingos
Simões Pereira, apoiado pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e
Cabo Verde (PAIGC, no poder), foi o candidato que obteve maior percentagem de
votos, 40,13%, não conseguindo mais de metade para vencer à primeira volta.
Umaro
Sissoco Embaló, apoiado pelo Movimento para a Alternância Democrática
(Madem-G15), foi o segundo mais votado e obteve 27,65% dos votos.ANG/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário