quarta-feira, 13 de maio de 2015

Corte de madeiras




Técnico florestal fala em prejuízo para homem, flora e fauna

Bissau, 13 Mai 15 (ANG) - O corte abusivo de madeira que se verificou recentemente no país é prejudicial para a saúde dos guineenses, a flora e a fauna nacional”.

A afirmação é de um técnico florestal colocado na região de Oio, e foi feita em entrevista exclusiva terça-feira à ANG quando falava das consequências negativas dos abates “descontrolados” de árvores verificados no período de transição.

De acordo com este técnico que pediu anonimato, o “corte descontrolado” pode pôr em causa o “necessário” equilíbrio ecológico.

A título de exemplo, afirmou que até nos anos oitenta podia-se encontrar o Leão na floresta do sector de Contuboel, na região de Bafatá, no entanto, dada a pressão sobre a natureza, de alguns anos à esta parte, aquela espécie de animal selvagem terá fugido para as repúblicas vizinhas da Guiné-Conacri e Senegal.

Sobre a medida do governo em interditar o corte de madeiras nos próximos anos, para permitir a regeneração da flora guineense, este especialista concorda com a decisão, mas no seu entender o período deve ser dilatado, para contribuir para a recuperação das espécies florestais atingidas.

Por exemplo, segundo ele, o “pau sangue”, conhecido com o nome científico de “Peterocarpus Erinaceu” pode levar um período de crescimento de mais de vinte anos para ter uma medida de 45 metros cúbicos, aptos para o seu aproveitamento económico como madeira.

Falando da importância dos arbustos na conservação da água, este técnico citou o exemplo de uma árvore de “bissilão” que pode ter a capacidade de reter dez mil litros.

“Para ter a noção da relevância da flora para nós, há anos, havia um poilão junto dum poço num dos bairros de Mansaba, no entanto, depois de esta árvore ter caído, passando pouco tempo, a referida fonte ficou seca”.

Este responsável florestal afirmou que para falar duma verdadeira conservação da flora guineense, é imprescindível a implicação das comunidades locais, através de apoios para a criação de florestas comunitárias.

Existe uma floresta deste tipo na localidade de Canquebo, no sector de Mansaba que, graças a assistência da ONG “Cafó” que opera na região de Oio, os populares desta tabanca tem uma mata livre de fogo e com diferentes espécies de árvores e vegetais conservadas.

Ainda, segundo este profissional florestal é necessária uma campanha de sensibilização, no sentido de diversificação das culturas para acabar com a monocultura de caju.

Este perito lembrou que nos princípios dos anos 80, nenhuma serração cortava troncos, sem que, em primeiro lugar, levasse a cabo a plantação de árvores para assim, assegurar a sustentabilidade destes recursos naturais.

Denunciou que quase 50 por cento das matas de mansaba teriam sido devastadas, em consequência das explorações desenfreadas da flora durante o governo de transição.

Finalmente, este responsável apelou as populações das diferentes localidades da Guiné-Bissau a protegerem as suas florestas de exploração “desenfreada”.

Segundo técnicos de conservação do ambiente, as florestas cobrem cerca de 30 por cento da superfície terrestre mundial e realiza a fotossíntese da qual depende a vida, com a produção do oxigénio, a partir do dióxido do carbono.

Além da função fotossintética, as florestas contribuem na produção de bens como, a madeira, combustível e outros derivados.

ANG/QC/JAM/SG

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