Guterres diz que ONU precisa de 1,5 mil milhões para evitar fome em
quatro países
Bissau, 22 Set 17 (ANG) - O
secretário-geral da ONU, António Guterres, disse quinta-feira que a organização
precisa de 1,8 mil milhões de dólares (cerca de 1,5 mil milhões de euros) para
evitar fome em quatro países.
"Fizemos muito, mas temos de ser honestos: não
conseguimos resolver o problema dramático que enfrentamos. Infelizmente, apesar
da generosidade dos donativos, o financiamento não tem acompanhado as
necessidades avassaladoras e 1,8 mil milhões de dólares são necessários
urgentemente, e esse número deve aumentar até ao final do ano", disse o
secretário-geral.
António Guterres falava num evento de alto nível
dedicado ao combate à fome e prevenção que acontece à margem da
Assembleia-Geral da ONU, que decorre em Nova Iorque, Estados Unidos da América.
O diplomata lembrou que há sete meses lançou uma
"Chamada de Ação" a pedir 4,9 mil milhões de dólares para evitar a
fome no Sudão do Sul, Somália, Nigéria e Iémen.
A ONU já angariou 60 por cento desse valor, o que permitiu
às agências humanitárias e os seus parceiros ajudar perto de 30 milhões de
pessoas.
Guterres adiantou que estes esforços têm permitido
evitar o cenário de fome, mas lembrou que fome é um termo técnico.
"Evitar a fome não significa que evitamos o
sofrimento. Milhões e milhões de pessoas estão a sofrer, milhões e milhões não
têm comida segura e temos pessoas neste momento a morrer", explanou.
Mais de metade da população do Sudão do Sul, cerca
de seis milhões de pessoas, enfrenta uma situação de insegurança alimentar
severa. O mesmo acontece com 5,2 milhões de pessoas na Nigéria, onde se calcula
que uma em cada cinco das 450 mil crianças que enfrentam malnutrição morra sem
tratamento especializado este ano.
Na Somália, 3,1 milhões de pessoas não cumprem as
suas necessidades alimentares diárias e no Iémen encontra-se a pior situação de
todas, com 17 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar severa e
6,8 milhões à beira da fome.
"Temos de fazer melhor e não temos tempo a
perder", declarou Guterres, lembrando que parte dos fundos será dedicado a
evitar o grande causador das crises humanitárias, como os conflitos.
"Todas estas crises resultaram de conflitos
prolongados, da incapacidade de fazer cumprir as leis internacionais
humanitárias e de direitos humanos e da falta de acesso seguro e sustentável às
pessoas em necessidade para a ajuda humanitária", explicou o antigo
perimeiro-ministro português.
Guterres lembrou ainda alguns números, como o dos
18 trabalhadores humanitários mortos no Sudão do Sul este ano ou o 1,9 milhões
de pessoas que estão inacessíveis na Somália, por viverem numa zona controlada
pelo grupo Al Shabaab,
"A ajuda humanitária está a salvar vidas, mas
uma solução a longo-prazo depende da prevenção de conflitos", concluiu
António Guterres.
Em agosto, em entrevista à agência Lusa, o diretor
do Programa Alimentar Mundial disse que o mundo enfrenta hoje a maior crise
humanitária em 70 anos, com mais de 20 milhões de pessoas no Iémen, Somália,
Sudão do Sul e Nigéria em risco de fome.
ANG/Inforpress/Lusa
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