Vazadouro
de lixo do Bairro de “Djogró” em Bissau transforma em local de vasculho de
crianças
Bissau,18 Set 17(ANG) – O
único vazadouro de lixo de Bissau, situado no bairro de Djogró transformou-se
num sítio privilegiado de vasculho de objectos, produtos alimentícios em estado
de deterioração por parte das crianças daquele bairro periférico da capital
guineense.
Imagens das crianças a vasculharem nos lixos |
Segundo o que constatou hoje
o repórter da ANG junto ao referido local, dezenas de crianças frequentam
diariamente ao vazadouro de Djogró a procura de ferros e alumínios usados para
depois venderam a preço de 100 francos por quilo.
O repórter da ANG encontrou
no local um jovem de aparentemente 20 anos, sentado com uma balança de pesagem
de ferros e alumínios junto ao vazadouro, que aguardava o momento de comprar o que as crianças conseguiram retirar
do lixo.
Abordado sobre o que estava
lá a fazer com a balança, e ao notar que
se tratava de um jornalista remeteu-se
ao silêncio tendo de seguida cobrido o rosto para evitar ser capturado pela
câmara fotográfica.
As restantes crianças que
estavam a vascular os objectos no lixo resolveram igualmente sumir-se para
dentro das montanhas de lixos que estão há escassos cinco metros da nova
estrada de volta à Bissau.
Referindo-se ao perigo que o vazadouro de Djogró representa
para a saúde dos citadinos local, Midana da Silva, um dos moradores, começou
por destacar que não é benéfico para
qualquer ser humano conviver muito próximo ao lixo.
“ O vazadouro é uma ameaça
séria para os populares da área”, rematou.
Segundo Midana da Silva, a
Câmara Municipal de Bissau já está ciente de que não existem condições para
continuarem a deitar lixos naquela localidade.
“Um vazadouro de lixo não
pode estar dentro de uma cidade porque é uma fonte de contaminação das pessoas.
A Câmara Municipal de Bissau remove lixos noutros bairros para vir contaminar
os citadinos de Djogró, isso é inadmissível’, criticou, apelando aos moradores
local para impedirem as suas crianças de
se aproximarem dos lixos.
Nhima Nanque, uma senhora
que mora perto do vazadouro disse que não conseguem dormir devido ao mau cheiro
que os lixos produzem.
“As vezes deitam lixo até nas bermas das
estradas e isso provoca mau cheiro e moscas que invadem as nossas casas e os
alimentos”, revelou, acrescentando que sentem-se envergonhadas quando recebem
visitas.
Vista da balança de pesagem de objectos retirados do lixo |
Nhima disse que são
obrigadas a utilizar, todos os dias, os desinfetantes para a limpeza do lar.
Apela a Câmara Municipal de Bissau para arranjar outro lugar para vazadouro de
lixo.
A outra moradora de nome
Cadi Djaló afirmou que outro problema causado pelo vazadouro tem a ver com a
poluição que sofrem devido ao incêndio de pneus e outros objetos, por parte dos
trabalhadores da Câmara Municipal de Bissau.
“Todos os dias somos
intoxicados pelos fumos de lixos queimados. As vezes transfiro as minhas
crianças para a casa dos meus familiares para não serem contaminadas com o
fumo”, explicou.
Aquela senhora igualmente
pede à Câmara Municipal de Bissau no
sentido de acionar mecanismo para sanear a situação, “porque não podem movimentar as suas casas ali
construídas para outros lugares.
Na pessoa de Brinsan Clodé, os moradores do bairro de Djogró
apelam a intervenção das autoridades competentes, em particular do Presidente da República e do Primeiro-Ministro , para que uma solução
seja encontrada, o mais depressa possível.
“Ninguém consegue almoçar
fora sob pena de ver a comida invadida pelas moscas. Mesmo estando a cozinhar
as moscas nos invadem”, disse Clodé, acrescentando que têm sido difícil
controlar as crianças, para não se aproximarem ao lixo.
Windjabá Nbundé disse que
outro grande problema criado pelo vazadouro tem a ver com os mosquitos que
invadem as suas casas.
“A estrada de volta Bissau
está i asfaltada. Se não fosse o vazadouro podíamos utilizar as bermas da
estrada para vendermos os nossos produtos, tal como acontece noutros bairros”,
lamentou.
O repórter da ANG tentou ouvir
o responsável camarário colocado no local para orientar os camiões que deitam o
lixo, mas este recusou falar alegando não ter ordens do Director do Saneamento
da Edilidade para o fazer.
ANG/ÂC/SG
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