Relatório denuncia horror das
condições dos trabalhadores em nove
países
Bissau,
14 nov 19 (ANG) – Um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) hoje
divulgado expõe o horror das condições em que laboram os trabalhadores de
saneamento em nove países em desenvolvimento, sem direitos garantidos e
correndo risco de vida.
Directora Regional da OMS para África |
“Saúde,
Segurança e Dignidade de Trabalhadores de Saneamento – Uma avaliação inicial” é
o nome do relatório da OMS que avaliou as condições destes trabalhadores no
Bangladesh, Bolívia, Burkina Faso, Haiti, Índia, Quénia, Senegal, África do Sul
e Uganda.
Trata-se
sobretudo de indivíduos que desempenham o trabalho de esvaziamento de poços e
tanques, transportam o lodo fecal e procedem à manutenção de esgotos.
De acordo
com o sumário do documento, estes trabalhadores “fornecem um serviço público
essencial, mas muitas vezes à custa da sua dignidade, segurança, saúde e
condições de vida”.
“São
alguns dos trabalhadores mais vulneráveis” que muitas vezes realizam um
trabalho “não quantificado e ostracizado e muitos dos desafios que enfrentam
têm origem na falta fundamental de reconhecimento”, prossegue o relatório.
Estes
trabalhadores estão expostos a “riscos profissionais graves” e a “perigos para
a saúde ambiental, risco de doença, ferimentos e morte”.
Os
autores do documento indicam que estes trabalhadores do saneamento pertencem ao
sector público ou são empregados privados. Os empregados informalmente têm
baixos salários e poucos benefícios, existindo casos em que são pagos em
alimentos em vez de dinheiro.
“Os
trabalhadores do saneamento fazem uma contribuição fundamental para a saúde
pública em todo o mundo, mas ao fazê-lo colocam sua própria saúde em risco, o
que é inaceitável”, afirmou a directora do Departamento de Saúde Pública e Meio
Ambiente da OMS, Maria Neira.
E
prosseguiu: “Precisamos de melhorar as condições de trabalho dessas pessoas e
fortalecer a força de trabalho do saneamento, para que possamos cumprir as
metas globais de água e saneamento”.
Este
relatório, que resulta de um trabalho conjunto da Organização Internacional do
Trabalho (OIT), WaterAid, Banco Mundial e OMS, pretende “aumentar a
conscientização sobre estas condições de trabalho desumanas” e promover a
mudança.
Os
autores do documento recordam que o mau saneamento causa até 432 mil mortes
diarreicas anualmente e está ligado à transmissão de outras doenças como a
cólera, a disenteria, a febre tifóide, hepatite A e poliomielite.
Os
trabalhadores do saneamento “desempenham um papel valioso na melhoria da saúde
e do bem-estar das populações em todo o mundo e têm o mesmo direito a uma boa
saúde”, lê-se no comunicado que divulga o relatório.
“Os
resíduos devem ser correctamente tratados antes de serem eliminados ou
utilizados. No entanto, os trabalhadores muitas vezes entram em contacto
directo com resíduos humanos, trabalhando sem equipamento ou protecção para
removê-lo à mão, que os expõe a uma longa lista de riscos à saúde e doenças”.
Estes
trabalhadores são ainda alvo de estigma social, pelo que o trabalho de
saneamento é muitas vezes feito à noite.
Para
melhorar a situação destes trabalhadores, os autores do documento estabelecem
quatro áreas-chave de acção para municípios e parceiros de desenvolvimento:
reforma da política, legislação e regulamentação, desenvolvimento e adopção de
directrizes operacionais para os trabalhadores e advocacia e empoderamento dos
trabalhadores de saneamento para reivindicar os seus direitos. ANG/Inforpress/Lusa
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