“Metade das mulheres guineenses sofre do flagelo”
diz Fatumata
Bissau, 23 Jul 14 (ANG) - Metade das mulheres da Guiné-Bissau entre os 15 e
49 anos ainda sofre de mutilação genital, alertou Fatumata Djau Baldé, representante
guineense que participou terça-feira na primeira "Cimeira da
Rapariga" (Girl Summit), realizada em Londres.
A luta contra a mutilação genital feminina e o casamento precoce foram os
temas centrais da iniciativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância
(UNICEF) e do Governo britânico com o objectivo de mobilizar apoios contra os
dois flagelos.
Na Guiné-Bissau, quase um terço das raparigas casam antes dos 18 anos.
Segundo Fatumata Baldé, presidente do Comité Nacional para o Abandono das
Práticas Nefastas, essa participação foi antecedida por diversas iniciativas em
território guineense.
O comité mantém "um trabalho contínuo com as comunidades para a promoção
da transformação social necessária visando o abandono das práticas
nefastas", destacou hoje a UNICEF em comunicado.
Os números relativos à Guiné-Bissau foram calculados em 2010 de acordo com
as respostas ao Inquérito aos Indicadores Múltiplos (MICS), organizado pela
UNICEF e organismos estatais.
A Assembleia Nacional Popular guineense (parlamento) aprovou em Junho de
2011 uma lei que proíbe a mutilação e foi conquistado o compromisso de líderes
religiosos para abandono da mutilação genital.
No entanto, a excisão é uma prática com tradições seculares e persiste em
muitas comunidades com o objectivo de condicionar a liberdade sexual das
mulheres até ao casamento - que em muitos casos é negociado e forçado pela
família, sendo a mutilação um requisito.
A prática é responsável pela morte de crianças e mulheres devido a
problemas como hemorragias ou infecções, pela falta de condições em que é
praticada, e é causa frequente de traumas físicos e psicológicos para quem
sobrevive.
Lusa
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