terça-feira, 18 de novembro de 2014

Ajuda Internacional


Acções da SNV/Guiné-Bissau beneficiam 50 mil pessoas no Norte e Leste
 
Bissau, 18 Nov 14 (ANG) - Os projectos da Organização Holandesa de Desenvolvimento (SNV) aplicados este ano na Guiné-Bissau atingiram, directa ou indirectamente, cerca de cinquenta mil pessoas, sobretudo nas regiões de Bafatá (Leste) e Cacheu (Norte).

Representante Residente Interino de SNV
A revelação foi feita hoje pelo representante Interino desta organização, Didier Monteiro, em entrevista exclusiva à Agência de Noticias da Guiné-ANG, quando fazia o balanço das acções levadas a cabo em 2014 e as prioridades para 2015.

De acordo com Didier Monteiro, este ano e no seguimento das acções levadas a cabo em 2013, a SNV concentra a sua actuação fundamentalmente em dois programas, ou seja, água/saneamento e a agricultura.

No âmbito da água e saneamento, este responsável disse que se divide em três componentes, a de saneamento e higiene para todos, a água e higiene nas escolas e a funcionalidade e abastecimento da água nas pequenas cidades.

Projecto de àgua de qualidade melhorada nas regioes
“Em termos de resultados, no quadro de água, higiene e saneamento nas escolas, em parceria com as estruturas regionais de educação, conseguimos enquadrar nomeadamente, 150 escolas em Bafatá, onde foram capacitados professores, inspectores do sector de ensino e procedemos a introdução desta temática no curriculum destes estabelecimentos de ensino”, explicou.

Segundo Didier Monteiro, este programa nas regiões de Bafatá e Cacheu, que já se encontra na sua segunda fase, visa fundamentalmente, formar as Direcções Regionais de Educação, neste domínio, com vista a mudança de comportamento em ambientes escolares, e apoiar o desenvolvimento de matérias educativas e a formação dos docentes.

Também, segundo o responsável da SNV, esta abordagem centra-se nas crianças (alunos), porque uma vez bem preparados nas escolas sobre as boas práticas de higiene e saneamento, transmitirão estes ensinamentos às suas famílias. Por isso, nas suas palavras, “é um investimento a longo prazo”.

Já em matéria de “Água e Saneamento para Todos” informou que a SNV levou a cabo projectos de “Higiene no meio rural” sobretudo, na região de Cacheu, para contribuir na redução da defecação ao ar livre, causa de contágio de muitas doenças, e o de “Saneamento em Meio Urbano” que consiste na recolha e gestão de resíduos na cidade de Bafatá.

Esta instituição internacional de apoio ao desenvolvimento ainda participou, em parceria com a ONG Portuguesa TESE Sem Fronteiras, em Bafatá, na implementação de um projecto de apoio ao abastecimento de água de qualidade melhorada.

Projecto agricola em Bafata apoiado pela SNV
Em relação a agricultura, outra área de intervenção da SNV, o seu representante Interino afirmou que centralizaram as suas actuações na promoção da transformação do caju, tanto da amêndoa como do pedúnculo, e no apoio à segurança alimentar, mais concretamente na melhoria da produção do arroz.

Em relação ao arroz, realizou-se acções de formação de técnicos das organizações Guiarroz, Proagri e Campossa de Bafatá, em matéria de técnicas de produção melhorada deste alimento base do país.
A SNV ainda levou a cabo estudos em  25 tabancas de Bafatá, sobre a problemática do acesso à terra, tendo esses  estudos concluído que , apesar de as mulheres e os jovens terem acesso à terra, em termos de cultivo, o seu “controlo” cabe aos homens (maridos, pais ou tios) e à “ empresas de grande porte” que se apropriaram de vastos campos de cultivo.

Esta apropriação, segundo o Representante da SNV, não só limita a produção da população local, como também dificulta a pastagem de gados, cujos donos muitas das vezes são sujeitos ao pagamento de multas, por os seus animais violarem os campos agrícolas de terceiros, o que constitui muita das vezes focos de conflitos.

 Didier Monteiro afirmou que a SNV organizou, este mês, uma conferência sobre a segurança alimentar naquela zona, em que, segundo  estudos do PAM de 2011, entre 10 e 15 por cento de famílias são afectadas pela insegurança alimentar.

Ainda em relação a agricultura e no domínio de caju, Monteiro referiu que a SNV está a dar apoio a Associação de Transformadores de Caju sobretudo, no plano de marketing e exportação, e disse  que graças a esta assistência, um contentor de amêndoa de caju foi exportado no ano passado para os Estados Unidos de América.

Actualmente, as três cooperativas de caju: em Canchungo, Ingoré (Norte) e  Bafatá (Leste) que a SNV apoia, aproveitam a 100 por cento este produto, ou seja, não só aproveitam a amêndoa mas também o próprio pedúnculo do caju para a produção de bolachas, bife e outros derivados.

Para além destas duas principais áreas de intervenção, a água/saneamento e a agricultura, a SNV, através do fundo da União Económica Monetária de Africa de Oeste, UEMOA, está contribuindo para o reforço da capacidade operacional da Direcção Geral do Artesanato, através do Projecto de Apoio as Pequenas Empresas Artesanais - PAPEA.

Didier Monteiro disse que apesar de faltar cerca de um mês e meio para o fim do ano e de ainda estar em curso algumas acções, “80 por cento dos planos programados foram realizados”.

Em relação as perspectivas para 2015,sem falar em acções concretas, Monteiro afirmou que “tudo dependerá da continuidade ou não da SNV no país ou na sua transformação numa organização nacional”, porque segundo ele, “a Guiné-Bissau, actualmente, não constitui prioridade para a cooperação Holandesa que, por sua vez, se depara com problemas de financiamento a longo prazo”.

E lembrou que desde 2011, a SNV (que recebe 80 por cento dos seus fundos da Holanda) reduziu “consideravelmente” a sua actuação no país, devido essencialmente, a instabilidade politica no país, a mudança da política de cooperação deste País europeu, e a recente crise económica que está a afectar quase todo o mundo.

O Representante Residente Interino da SNV acredita que, apesar de muitas dificuldades, é possível que a Guiné-Bissau alcance, a médio/longo prazo, a segurança alimentar, dado que o país possui condições naturais favoráveis para tal.
Para que assim seja, segundo ele, é fundamental que o Estado defina políticas para o sector agrícola que favoreçam e incentivem o investimento privado no sector, e que implementações dessas políticas sejam acompanhadas pelas autoridades competentes.

Centro de processamento de caju duma ONG apoiada  pela SNV
“A par disso será necessário que o Estado siga os trabalhos das Organizações Não Governamentais do sector para evitar a “duplicação de acções” no terreno”, acrescentou.

A SNV, Organização Holandesa para o Desenvolvimento, uma entidade sem fins lucrativos, instalou na Guiné-Bissau desde 1979, foi criada em 1965 na Holanda, tem como o objectivo principal, lutar por uma “sociedade onde todos os indivíduos desfrutam da liberdade de procurar o seu próprio desenvolvimento de forma sustentável, independentemente da sua raça, classe social ou sexo”.

  ANG/QC/SG

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