Inicia
Conferencia sobre “Fiscalidade Guineense”
Bissau, 26 Nov 14 (ANG) - O
Ministro da Economia e Finanças afirmou hoje em Bissau que a pressão fiscal da Guiné-Bissau
se situa na ordem de 7.5%, sendo esta, na sua opinião, talvez a mais pequena do mundo”.
Geraldo Martins discursava na
cerimónia de abertura da primeira Conferencia sobre a fiscalidade guineense sob
o lema “Fiscalidade Guineense: uma transição inacabada”.
Segundo o governante, a cifra em causa, que se
encontra longe do valor estabelecido conforme os critérios da convergência da União
Económica e Monetária de África de Oeste (UEMOA), que é de 17%, ainda está mais
longe da pressão fiscal média de cerca de 40% da Organização para a Cooperação
e Desenvolvimento Económico (OCDE).
Isto, segundo o Ministro das
Finanças, significa que o país possui uma fraca capacidade de mobilizar os
recursos a partir da sua própria economia.
Este e outros factores,
segundo o governante levam a Guiné-Bissau a ocupar a penúltima “economia mais
pequena do mundo”, sendo por isso necessário inverter a política com vista a
melhorar as receitas fiscais, através do reforço da cobrança, do alargamento da
base tributária e da melhoria da organização e funcionamento da administração
tributária.
No entanto, Geraldo Martins alertou
que a médio prazo, é possível o aumento da arrecadação fiscal mediante o
crescimento da economia o que permutará a administração fiscal ter mais
receitas e assim gerar mais riquezas.
“O Estado deve utilizar a
fiscalidade como um instrumento de crescimento económico, que proporcione um
quadro atractivo para o investimento privado, particularmente, o estrangeiro”,
aconselhou o Ministro das Finanças.
Assim, na sua óptica o
sistema fiscal deve ser justo, transparente e simples, sobretudo nesta era
moderna em que o fluxo de transferência de capitais se realiza cada mais.
Martins justifica a necessidade
de o Estado cobrar impostos para financiar os serviços públicos,
particularmente, nas áreas onde a sua intervenção se fundamenta, ou seja, os
sectores da defesa e segurança, âmbitos que, nas suas palavras, não interessam
os privados e educação e saúde por razões de “equidade”.
“Muito imposto mata o
investimento, prejudica a economia. Mas, o imposto é, ainda necessário e um
imperativo nacional de primeira ordem”, fundamenta o governante para
caracterizar o actual sistema fiscal do país de complexo e “talvez” excessivo.
Finalmente o Ministro das
finanças informou que no seguimento desta conferência, será criada uma Comissão
para trabalhar, dentro de dois anos, na reforma do sistema fiscal do país, com
vista a transformá-lo num instrumento que favoreça o crescimento económico e,
por outro lado, melhore a arrecadação de mais receitas em prol do
desenvolvimento da Guiné-Bissau.
Durante três, os
participantes vão abordar temas como, o “ enquadramento histórico da
fiscalidade guineense/As metamorfoses do “Estado Fiscal”/Perspectivas de Reforma”,
que será orado pelo juiz-economista Eugénio Moreira e a “Reforma Fiscal no
Contexto dos países em vias do desenvolvimento”, igualmente ministrado pelo Professor
da Faculdade de Direito da Universidade Católica e antigo Secretário de Estado
de Assuntos Fiscais de Portugal, Sérgio Vasquez.
Segundo a organização, neste
evento participam membros de governo, antigos ministros e secretários de Estado
das finanças, diferentes comissões especializadas do parlamento, altos
funcionários do Ministério das finanças, empresas públicas e privadas e
académicos da área da fiscalidade, além da sociedade civil e os fiscalistas de
Senegal e Cabo Verde.
A legislação fiscal da
Guiné-Bissau data de 1984 e, segundo especialistas, para além de ser arcaica,
não se enquadra nas directivas da UEMOA.
ANG/QC/JAM
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