África/Falta de investimento em energias renováveis atinge nível “alarmante”
Bissau, 10 Nov 22(ANG) – A falta de investimento em energias renováveis em África atingiu um nível “alarmante” apesar do enorme potencial do continente, alcançando em 2021 o menor capital em 11 anos, segundo um relatório da BloombergNEF divulgado quarta-feira.
“Apenas
2,6 mil milhões de dólares [2,58 mil milhões de euros] em capital foram
utilizados para projetos de energia eólica, solar, geotérmica e outras energias
renováveis em 2021, o mais baixo dos últimos 11 anos”, diz-se no relatório,
divulgado na conferência da Organização das Nações Unidas sobre o clima
(COP27), em Sharm el-Sheikh, também promovida como “COP Africana” pela
presidência egípcia.
O
investimento global em energias renováveis subiu 9% de ano para ano e atingiu o
nível mais alto de sempre no ano passado. Entretanto, caiu 35% em África, o que
representa apenas 0,6% dos 434 mil milhões de dólares (432 mil milhões de
euros) investidos em energias renováveis em todo o mundo.
O
continente, que ainda é fortemente dependente de combustíveis fósseis caros e
poluentes para a produção de eletricidade, está a ficar para trás “apesar dos
recursos naturais excecionais de África, da procura de eletricidade em
rápido crescimento e da melhoria do quadro político”, nota a BloombergNEF
(BNEF).
Luiza
Demôro, chefe de pesquisa de transição energética da BNEF defende, assim, que
África detém todos os recursos para que o continente seja um importante mercado
para a energia limpa “mas os regimes políticos e investidores relutantes
continuam a manter os níveis de investimento abaixo do que poderiam e realmente
deveriam estar”, afirmou.
Em
particular, África tem um claro potencial de energia solar, mas o continente
tem apenas 1,3% da capacidade solar global.
No
relatório também se destaca a elevada concentração de investimento em energia
limpa em alguns países: África do Sul, Egito, Quénia e Marrocos, que
representaram quase três quartos do total desde 2010.
“O
investimento em energia limpa em África está a um nível alarmantemente baixo”,
lamentou Michael Bloomberg, enviado especial da ONU para a Ação Climática.
“Mudar
isto requer novos níveis de colaboração para identificar projetos viáveis de
energia limpa e trazer-lhes mais financiamento privado e apoio público – para
transformar o potencial da África como líder global de energia limpa em
realidade”, acrescentou o antigo presidente da câmara de Nova Iorque.
Os
autores identificaram “barreiras” que limitam a utilização de energia limpa em
África, tais como a falta de sensibilização dos investidores nacionais para as
oportunidades no setor e o mau planeamento da expansão da rede.
O
relatório sugere que se olhe para os países que enfrentaram com sucesso estas
barreiras, destacando, por exemplo, o processo de licitação bem-sucedido no
Brasil e a mobilização do banco de desenvolvimento nacional do México.
ANG/Inforpress/Lusa
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