Cidadãos saúdam luta de libertação mas dão nota negativa à
governação
Bissau, 24. Set. 03 (ANG) No dia em que se comemora o 40º
aniversário da independência da Guiné-Bissau, a ANG ouviu, à propósito, alguns
jovens, que foram unânimes em saudar a luta pela “libertação do jugo colonial”,
mas deram nota negativa ao balanço das quatro décadas de governação do país.
Para Tai Camará, de 30 anos, animadora local da ONG Tiniguena,
no Sector de Caravela , Sul do país, apesar de valer a pena a independência ,
até agora “nada se viu, em termos de desenvolvimento do país” .
Tai sustenta a sua opinião citando como exemplo o estado em
que se encontra o sector de Caravela, uma localidade situada no zana insular,
em que, segundo disse,”mais se sente a presença de organizações
Não-governamentais em detrimento da do Estado.
“Neste momento, no nosso sector e com o apoio da Tiniguena,
funciona normalmente, uma escola comunitária de 1ª a 7ª classes e há igualmente
um projecto no domínio da energia solar”, relatou Camará para realçar o papel
dos actores não estatais, no processo do desenvolvimento do país, sobretudo nas
zonas rurais.
Esta delegada da Juventude neste sector sul do país que, se
encontra em Bissau para assistir um curso de “saneamento básico e emprego
Jovem” disse esperar um futuro melhor para
a Guiné mas, para isso, pede a “paz e tranquilidade
.
Outro cidadão ouvido pela ANG chama-se Mário Sanca, de 30
anos e é fotógrafo de profissão.
“Até agora não vimos nada”, no que se refere a governação do
país”, lamentou para de seguida acrescentar que contudo, acredita no
desenvolvimento da Guiné-Bissau no futuro.
Uri Djalo, bacharel em Administração Pública que, por ironia
do destino, nasceu a 25 de Abril de 1974,
dia da revolução em Portugal, que viria a culminar com a assinatura do acordo
de independência, no mesmo ano, entre o
PAIGC e regime português de então, apontou, a “desorganização” do Estado, como
a principal causa do alegado falhanço na governação do país.
Também, Mirna Gama, emigrante em Portugal que se encontra de
visita a sua “pátria” , não hesitou em considerar “péssima” a governação do
país ao longo dos anos, e foi mais longe ao dizer que, “actualmente na Guiné-Bissau
tudo está parado”.
“Neste momento e face as dificuldades que enfrentamos lá
fora, queremos regressar ao país, mas aqui a situação é pior”, lamentou.
Mirna da Gama apela
aos “compatriotas” para elegerem a “unidade nacional, o perdão mútuo e a reconciliação,
para que a Guiné-Bissau possa sair da situação em que se encontra”.
ANG/QC
/SG
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