Afeganistão/Human
Rights Watch denuncia maus-tratos e torturas a mulheres
De
acordo com a organização de defesa de direitos humanos com sede nos Estados
Unidos, as detenções arbitrárias e os abusos relatados pelas mulheres afegãs
são apenas um exemplo da repressão dos fundamentalistas islâmicos que controlam
o poder no Afeganistão desde o ano passado.
Segundo
a Human Rights Watch (HRW), as mulheres estiveram presas na sede do Ministério
do Interior do Afeganistão, na capital do país, em condições degradantes.
Uma
das mulheres que foi detida por participação em manifestações relatou que a
cela em que esteve presa não tinha ventilação.
No
local chegaram a estar 20 afegãs e sete crianças que passaram vários dias sem
alimentação e, praticamente, sem água.
“Havia
uma janela pequena, mas não a podíamos abrir. Não havia ar condicionado (…) era
como se não houvesse oxigénio na cela. As crianças não eram capazes de dormir”,
disse uma das testemunhas cuja identidade não foi revelada por questões de
segurança.
Uma
outra testemunha, vítima de maus-tratos, disse que os interrogatórios se
prolongavam durante três horas.
Muitas
das sessões contavam com a presença de membros da própria família, do sexo
masculino, obrigados a assistir.
O
relatório da HRW refere-se em particular a três mulheres que foram detidas no
passado mês de Fevereiro em Cabul pela alegada participação e organização de
manifestações em que protestaram contra a supressão de direitos pelo novo
regime talibã.
Como
condição para serem libertadas, os talibãs confiscaram aos familiares das
manifestantes os títulos de propriedade dos locais onde residem, na capital do
país.
Segundo
o organismo de defesa dos direitos humanos, estas três mulheres conseguiram
fugir do Afeganistão após terem sido libertadas e “estão a tentar chegar a um
país que lhes garanta segurança”.
Heather
Barr, directora interina da secção de apoio aos direitos das mulheres da HRW,
disse que “as histórias destas três mulheres mostram a ameaça que os talibãs
sentem em relação às manifestações, assim como demonstram os actos de extrema
brutalidade que são levados a cabo no sentido de silenciarem as mulheres”.
Apesar
das promessas de mudanças, os talibãs têm repetido os mesmos comportamentos que
implementaram durante o regime anterior, que se prolongou entre 1996 e 2001,
impondo o “pastunwali”, uma prática que impede as mulheres de acederem a
qualquer tipo de assistência, ajuda e educação escolar.
ANG/Inforpress/Lusa
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