Senegal/Ucrânia
foi “atacado”, mas África está sempre sob ataque terrorista – União Africana
Bissau,25 Out 22 (ANG) – O Presidente do Senegal e da União Africana, Macky Sall, disse hsegunda-feira que África “não está contra a Ucrânia, um país atacado”, mas salientou que o continente africano está permanentemente a ser atacado por grupos terroristas.
“A
África não é contra a Ucrânia, não devemos ter a impressão de que os africanos
são insensíveis à situação na Ucrânia, não é nada disso”, disse o chefe de
Estado senegalês na abertura da 8ª edição do Fórum Internacional de Dacar, uma
conferência de líderes e peritos em segurança em África.
“Mas
os africanos dizem que, ao mesmo tempo que a Ucrânia está em guerra, é
invadida, é atacada, a África é permanentemente atacada pelo terrorismo”,
acrescentou, citando a frequente falta de solidariedade internacional face à
crise económica que afecta o continente e face aos efeitos da pandemia de
covid-19.
“Estamos
em 2022, já não estamos na era colonial; estamos em 2022, pelo que os países,
mesmo que sejam pobres, têm a mesma dignidade, e temos de tratar os seus
problemas com o mesmo respeito”, salientou, citado pela agência de notícias
France-Presse (AFP), renovando o apelo a que o continente esteja mais bem
representado nas principais instituições internacionais, como o Conselho de
Segurança das Nações Unidas e o G20.
A
utilização da palavra “atacada” por parte do presidente da União Africana é
significativa devido à reação dos países africanos quando a grande maioria da
comunidade internacional se uniu na condenação à invasão da Ucrânia pela
Rússia, a 24 de Fevereiro.
Quase
metade dos países africanos que votaram uma resolução condenando a agressão
russa absteve-se ou não participou na votação de 12 de Outubro, quando a
Assembleia-Geral da ONU condenou a anexação do território ucraniano pela
Rússia.
Sall
apelou à abertura de negociações entre os protagonistas da crise na Ucrânia,
defendendo: “Temos de ser capazes de parar esta guerra que está a destruir o
mundo”.
Antes,
a secretária de Estado do Ministério dos Negócios Estrangeiros de França,
Chrysoula Zacharopoulou, tinha apelado à “solidariedade” do continente para com
os europeus face à ofensiva russa, que considerou representar uma “ameaça
existencial para a estabilidade e integridade” da Europa.
“Todos
os europeus se sentem assim. É por isso que expressamos uma expectativa de
solidariedade com África”, afirmou na presença do Presidente senegalês, de dois
outros chefes de Estado africanos e de vários ministros dos Negócios
Estrangeiros.
“Nunca
é demais dizê-lo: a Rússia é a única responsável por esta crise económica,
energética e alimentar”, vincou, perante uma plateia de líderes de países
africanos, que foram duramente atingidos pelo impacto da agressão russa nos
preços e fornecimentos de cereais, fertilizantes e materiais energéticos como o
petróleo ou o gás.
Os
presidentes de Angola, João Lourenço, e de Cabo Verde, José Maria Neves, foram
convidados para este encontro, com o lema “África face aos choques exógenos:
desafios de estabilidade e de soberania”. ANG/Inforpress/Lusa
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