terça-feira, 25 de outubro de 2022

Chade/Protestos provocam reunião da  comunidade centro-africana  em Kinshasa

Bissau, 25 Out 22 (ANG) - Os dirigentes dos países da Comunidade Económica dos Estados de África Central (CEEAC), reúnem-se esta terça-feira em Kinshasa para analisar a situação no Chade, depois da violenta repressão de manifestações da oposição que resultou em pelo menos 50 mortos e cerca de 300 feridos no passado dia 20 de Outubro.

Onze países estão representados neste encontro presencial convocado pelo chefe de Estado congolês Félix Tshisekedi que assegura actualmente a presidência rotativa da organização regional.

Nesta reunião à porta fechada, trata-se para a CEEAC de designar um mediador para a crise e analisar as conclusões do relatório produzido pelo Presidente da Comissão desta entidade, o angolano Gilberto da Piedade Veríssimo, que se deslocou no passado fim-de-semana ao Chade para constatar in loco o que sucedeu e ouvir as forças vivas do país.

Em comunicado emitido no passado dia 21 de Outubro, o Presidente da Comissão da CEEAC apelou os actores políticos e sociais chadianos à maior contenção e a privilegiarem uma resolução pacífica do conflito.

Entretanto, para o Presidente chadiano, a questão é conseguir obter apoio dos seus parceiros e deste modo evitar possíveis sanções da União Africana, depois desta organização, assim como a União Europeia terem condenado a "repressão das manifestações" e "os ataques contra a liberdade de expressão".

As autoridades chadianas alegam desde a semana passada que foi "a resposta a um golpe, uma insurreição". Ainda ontem, antes da reunião desta terça-feira, o Presidente chadiano, Mahamat Deby, martelou que se "tratou de uma verdadeira insurreição minuciosamente planeada para criar o caos no país", com manifestantes a "matarem friamente" civis e membros das forças da ordem, no intuito de "desencadear uma guerra civil".

O general de 38 anos que decretou um luto nacional de 7 dias e prometeu justiça, acusou a oposição e grupos rebeldes de ter recrutado grupos terroristas e paramilitares para praticar "assassinatos gratuitos de massa", depois de "ter solicitado potências estrangeiras para aceder ao poder", sem detalhar todavia que países ou entidades ele estava a apontar.

Esta não é contudo a tese defendida pela Organização Mundial contra a Tortura que ontem acusou o poder chadiano de "graves violações dos Direitos Humanos" e de ter morto "pelo menos 80 pessoas" durante a repressão das manifestações da passada quinta-feira. A organização refere ter submetido aos relatores especiais da ONU, casos de "execuções sumárias" e de "torturas" contra "manifestantes pacíficos".

Recorde-se que na passada quinta-feira, vários pontos do país, nomeadamente a capital, foram palco de marchas que resvalaram em confrontos entre a polícia e manifestantes que, em resposta a um apelo de organizações da oposição, pretendiam protestar contra as recentes decisões resultantes do diálogo nacional. No começo do mês, na sequência destes encontros boicotados pela oposição, foi decidido o prolongamento da transição política por mais dois anos e também contra a possibilidade de concorrer às presidenciais concedida ao actual dirigente do país, Mahamad Deby, no poder há 18 meses, na sequência da morte em combate do anterior Presidente, seu pai, Idriss Deby.ANG/RFI

 

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