quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Eleições/ Analista político diz que adiamento das legislativas não surpreende quem está atento ao processo

Bissau, 20 Out 22 (ANG) - O analista político, Armando Lona disse que o anúncio feito recentemente pelo ministro da Administração Territorial sobre o eventual adiamento das eleições legislativas de Dezembro para 23 Abril do próximo ano, não surpreende quem está atento e a acompanhar o processo eleitoral.

Em entrevista exclusiva esta, quinta-feira, à Agência de Notícias da Guiné(ANG), Lona disse que a data de 18 de dezembro, tecnicamente não era possível  porque existem etapas prévias que devem ser cumpridas antes de eleições, entre as quais, concertação entre Governo  e partidos políticos sobre o cronograma eleitoral.

Acrescentou que, vendo estes atrasos todos, “não podia haver milagre pensando que o país iria às eleições em Dezembro”.

Afirmou que existem duas grandes dificuldades, primeira a renovação da Direção da Comissão Nacional das Eleições (CNE) pela Plenária de Assembleia Nacional Popular (ANP), visto que os referidos membros não podem ser indigitados, neste momento, porque o parlamento foi dissolvido.

A segunda e maior dificuldade, de acordo com Lona, para além dos membros do Secretariado da CNE, existem membros não permanentes da CNE que são indigitados pelos partidos políticos, e referenciando o artigo 4º da Lei Eleitoral, que diz que os membros não permanentes devem ser indigitados 90 dias antes das eleições. “E por isso, as eleições não podiam ter lugar na data marcada porque os prazos não foram respeitados”, frisou.

Segundo Lona,  o adiamento das eleições legistalivas da data marcada terá duas consequências, nomeadamente política, e socioeconómica.

Instado a falar sobre à consequência política, Lona disse que, quem dissolveu o parlamento(PR) é o primeiro responsável, porque  tinha que saber o que poderia acontecer caso eleições não vierem a realizar-se na data prevista.

Diz  o analista que a consequência económica e  social que o país enfrenta é a subida galopante de preços de produtos no mercado, situação de ingovernabilidade com um Governo que não está a conseguir dar resposta em diferentes flancos, para além da situação explosiva de tráfico de cocaína que alegadamente envolve membros do Governo.

Disse ainda que o país está de portas abertas para outras consequências que não se pode prever nesse momento, nomeadamente no flanco social, fortemente  afetado  pela inflação, salientando que a situação de saúde e educação é um colapso.

“Também existe outra situação que é preciso frisar que é a questão dos prisioneiros que o Ministério Público mandou soltar, mas que continuam detidos até hoje. E aquele mandado de soltura que não foi respeitado é um problema”, frisou, acrescentando  que está no país uma força estrangeira que até hoje ninguém sabe, de forma clara, qual é o seu termo de referência  e à custo de quê?. 

Armando Lona sustenta que, com esses panoramas que o país está a viver de momento, o responsável é quem produziu o decreto para dissolver o parlamento e que hoje não está na altura de fazer com que as eleições sejam realizadas.

“È bom lembrar que a pessoa que tirou aquele decreto, é ele mesmo que dirige Conselhos de Ministros e se o Governo foi incapaz de realizar eleições é bom que ele seja perguntado porque é da sua inteira responsabilidade”, disse Lona. ANG/DMG/ÂC//SG

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