FAO/Situação alimentar global com “circunstâncias assustadoras”, diz director-geral
Bissau, 14 Out 22 (ANG) - O director-geral da Organização das
Nações Unidas para a
Alimentação e a Agricultura (FAO), Qu Dongyu, defendeu
esta sexta-feira que a situação da alimentação no mundo é, este ano, inédita,
enfrentando “circunstâncias assustadoras”.
No seu discurso na cerimónia de abertura da semana de comemorações
do Dia Mundial da Alimentação, que se assinala no domingo, o responsável da ONU
começou por lembrar que o mundo “está a enfrentar vários desafios sobrepostos”.
Desafios que, descreveu, são compostos tanto por “desastres
naturais” como por desastres “causados pelo homem”, sendo que “alguns
repetem-se anualmente, mas outros são inesperados e imprevisíveis”.
Além disso, sublinhou Qu Dongyu, “após mais de dois anos de
pandemia global, com interrupções nas cadeias de abastecimento internacionais”,
e com os impactos actuais da guerra na Ucrânia, há “actualmente uma economia
global fraca”.
Uma situação que, lembrou o director-geral da FAO, já levou os
mais vulneráveis “à beira da fome” e aumentou o número de pessoas que sofrem de
fome (para) 828 milhões”.
Neste momento, sublinhou, “há 3,1 mil milhões de pessoas em todo
o mundo que não podem pagar uma dieta saudável e o número de pessoas em
insegurança alimentar aguda aumentou de 135 milhões para 193 milhões”, o que
constitui “a triste confirmação de que muitas pessoas estão a ser deixadas para
trás”.
No entanto, considerou o responsável, o Dia Mundial da
Alimentação deste ano também não tem precedentes por razões positivas: “apesar
das circunstâncias assustadoras que enfrentamos, também temos uma perspectiva
promissora e esperançosa”.
Segundo afirmou no seu discurso, esta é “a primeira vez que é
possível verificar “uma vontade política aumentada e fortalecida sobre
segurança alimentar da parte de todos os políticos, sociedades e
parceiros-chave – desde países desenvolvidos a países em desenvolvimento, de
nações ricas a pobres, e a nível local, nacional, regional e global”.
Há um “impulso político para fazer mais e melhor” e “para
reconstruir melhor e mais forte, juntos”, o que “é inédito”, sublinhou.
Assumindo estar optimista, Qu Dongyu lembrou que têm sido postas
em prática acções para garantir a disponibilidade contínua de alimentos e
iniciativas de resposta a crises, assim como “acções para garantir que o
abastecimento de alimentos, rações, fertilizantes, combustível, óleo vegetal,
entre outros, seja mantido aberto e funcionando sem problemas”.
Embora não tenha especificado, acordos recentes conseguidos
entre a Turquia e a Ucrânia e a Turquia e a Rússia permitiu desbloquear os
cereais e fertilizantes dos dois países em guerra e recomeçar a sua
distribuição pelo mundo, depois de vários meses parados nos portos.
Qu Dongyu enunciou algumas das acções da FAO nos últimos meses,
nomeadamente a defesa de duas estratégias temáticas-chave, sobre Ciência e
Inovação e sobre Mudanças Climáticas, que, segundo o director-geral da
organização serão “factores de mudança que estimularão a implementação do
Quadro Estratégico da FAO na próxima década”.
O Fórum Mundial da Alimentação, que decorre na próxima semana,
irá focar-se em três áreas principais: “Investimento de Mãos Dadas”, “Juventude
Global na Agricultura” e “Ciência e Inovação”, referiu, sublinhando querer
ajudar os países a desenvolver “caminhos nacionais para a transformação dos
seus sistemas agroalimentares”. ANG/Angop
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