Mali/Minusma denuncia a falta de
meios e obstáculos da junta militar
Bissau, 19 Out
22 (ANG) - A insegurança continua a prevalecer nomeadamente no
centro do Mali, onde, terça-feira, se deu a terceira explosão no espaço de uma semana,
sem contar a morte de quarto capacete
azul provocada pela explosão de um engenho em Tessalit, no norte do país, na
passada segunda-feira.
A Missão da ONU no Mali deu ontem conta de
diversas dificuldades perante os membros do Conselho de Segurança da ONU.
No relatório que apresentou nesta
terça-feira, a Minusma evocou a "urgência de
compensar as capacidades que lhe faltam", nomeadamente meios aéreos,
bem como a necessidade de "encarar um aumento dos seus efectivos
militares". Com 12 mil soldados mobilizados no Mali, esta que é uma
das mais importantes missões militares da ONU tem sido também das mais
mortíferas, com 181 baixas em ataques desde a sua criação em 2013.
Na sua apresentação, Ghassim Wane, chefe
da Minusma, também denunciou "as restrições de movimento e de
acesso" impostas pelas autoridades malianas. Algo logo
desmentido pelo chefe da diplomacia maliana, Abdoulaye Diop, que por sua vez acusou
a ONU de nada ter feito relativamente às suas recentes acusações contra a
França que na sua óptica teria violado o espaço aéreo do Mali e fornecido armas
aos jihadistas.
Ao reiterar estas denúncias, logo negadas
pelo embaixador francês na ONU, o ministro maliano dos Negócios Estrangeiros
reclamou uma reunião específica sobre esta matéria e garantiu que iria fornecer
provas concretas do que avança. Abdoulaye Diop assegurou ainda que "o governo
maliano se reserva o direito de se defender no caso de a França continuar a
atacar a soberania, a integridade territorial e a segurança nacional do
Mali".
Recorde-se que desde os golpes militares
de 2020 e de 2021, as relações entre Paris e Bamaco têm vindo a azedar. Perante
a crescente hostilidade da junta militar relativamente à presença no Mali dos
militares franceses desde 2013 no âmbito da luta contra o jihadismo, Paris
acabou por retirar a totalidade das suas tropas este ano. Acusada pela França e
os Estados Unidos de recorrer aos serviços de milicianos do grupo russo Wagner,
os militares no poder no Mali têm por sua vez denunciado incursões francesas no
espaço aéreo do Mali e um suposto apoio aos terroristas. ANG/RFI
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