África do Sul/Ramaphosa pede à UE para ter relação de igualdade e sem paternalismo com África
Bissau, 28 Out 22 (ANG)– O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, disse quinta-feira que a União Europeia deveria olhar para África como uma relação “entre iguais”, “não paternalista” e sem esquecer o impacto do “sistema colonial” nas economias africanas.
“A
Europa deveria relacionar-se com os países africanos (…) numa base de igualdade
e nunca deveria ser uma relação paternalista, devia ser uma relação de iguais,
mas também uma relação que é baseada no nosso entendimento histórico do que
aconteceu no passado. Não podemos lavar o que aconteceu no passado, a forma
como os países africanos foram ‘desempoderados’ pelo sistema colonial, que
reteve o seu próprio desenvolvimento económico”, afirmou.
Cyril
Ramaphosa acrescentou que os países africanos estão agora numa fase em que
tentam eles próprios desenvolver as suas economias e “a última coisa” de que
precisam é de serem condicionados “por restrições, por regras que não têm
realmente fundamento científico robusto”, como acontece com obstáculos à
exportação de produtos africanos para os mercados da União Europeia (UE).
São
restrições que limitam as trocas comerciais, “mas mais do que isso”, têm um
efeito “devastador” nas oportunidades e condições de vida que poderiam ter
milhões de pessoas no continente africano, disse o Presidente da África do Sul,
que falava em Pretória, numa conferência de imprensa ao lado do
primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez.
Cyril
Ramaphosa afirmou que levantou esta questão no encontro que teve hoje com o
líder do Governo de Espanha, que assumirá a presidência da UE no segundo semestre
de 2023, e que também já havia feito o mesmo recentemente com o presidente do
Conselho Europeu, Charles Michel.
O
Presidente sul-africano sublinhou que defende que as restrições europeias a
produtos oriundos de África devem ser abordadas, numa “base de amizade” e de
“bom entendimento”, por serem “muito sérias”, considerando que a Europa deve
apoiar os Estados africanos, num trabalho conjunto, a responder às questões da
pobreza, do desemprego ou da desigualdade social “porque em parte tiveram um papel
no ‘desempoderamento’ de muito países”.
Ramaphosa
abordou esta questão por causa da produção de citrinos, em que Espanha é líder
mundial, seguida pela África do Sul, que enfrenta, porém, restrições na
exportação para a UE.
Pedro
Sánchez assegurou que uma “boa notícia” que sai do encontro de hoje é que
Espanha e África do Sul vão “trabalhar juntos, também em Bruxelas, para
encontrar soluções para esta situação”. ANG/Inforpress/Lusa
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