Filhos de Eduardo dos Santos reagem a exonerações nas redes sociais
Bissau, 16 Nov 17
(ANG) - O Presidente angolano, João Lourenço, exonerou Isabel dos Santos, filha
do anterior chefe do Estado, José Eduardo dos Santos, do cargo de presidente do
conselho de administração da Sonangol, nomeando para o seu lugar Carlos
Saturnino, disse fonte oficial.
Também na
quarta-feira, 50 dias após a posse como terceiro Presidente da República, João
Lourenço, general na reserva, de 62 anos, mandou cessar o contrato com a
empresa Semba Comunicação, que tem como sócios os irmãos Welwitshea ‘Tchizé’ e
José Paulino dos Santos ‘Coreon Du’, outros dois filhos de José Eduardo dos
Santos, e que assegura a gestão do canal 2 da Televisão Pública de Angola
(TPA).
O Fundo Soberano
de Angola (FSDEA), que gere ativos do Estado de cinco milhões de dólares,
liderado por José Filomeno dos Santos, outro dos filhos do ex-chefe de Estado,
é para já o único a escapar às exonerações decididas por João Lourenço.
No Instagram,
Isabel dos Santos colocou uma citação do filósofo Aristóteles, que parece uma
reação irónica à exoneração.
Welwitshea,
conhecida como Tchizé, reagiu no “Facebook”, com um “post” a negro e uma
mensagem irónica.
No sábado,
aproveitando as comemorações do 42.º aniversário da independência angolana,
João Lourenço alertou para os “inúmeros obstáculos no caminho” deste mandato,
mas garantiu que as metas que assumiu, desde logo no combate à corrupção, são
para encarar “com a devida seriedade e responsabilidade”.
“Sei que existem
inúmeros obstáculos no caminho que pretendemos percorrer, mas temos de reagir e
mobilizar todas as energias para que esse cumprimento se efetive nos prazos
definidos”, apontou.
No Banco Nacional
de Angola, e depois de tirar a confiança política em público, criticando a
gestão do governador Valter Filipe, nomeado por José Eduardo dos Santos em
2016, João Lourenço colocou no lugar José de Lima Massano, que regressa após a
exoneração em 2015, classificando-o como um “homem íntegro e trabalhador”.
Inesperada foi a
rescisão, ordenada pelo Presidente, do contrato de exploração de laboratórios
de análises com a empresa Bromangol, acusada pelos empresários de encarecer a
importação de alimentos por ser a única reconhecida pelo Estado para realizar
as obrigatórias análises laboratoriais.
Acresce a
exoneração de funções nomeadas pelo anterior chefe de Estado do responsável
pelo Secretariado Executivo do Conselho Nacional do Sistema de Controlo e
Qualidade, Jorge Gaudens Pontes Sebastião, que alguma imprensa local aponta
como sócio de José Filomeno dos Santos na Bromangol.
Entre todos os
decretos de exoneração que João Lourenço assinou em praticamente 50 dias de
governação, destaque ainda para as mudanças profundas na comunicação social
estatal, que se seguiram à própria extinção do Gabinete de Revitalização e
Execução da Comunicação Institucional e Marketing da Administração (GRECIMA),
órgão liderado pelo influente ex-ministro Manuel Rabelais, desde 2012
responsável pela imagem da Presidência de José Eduardo dos Santos.
Foram ainda
exonerados os conselhos de administração da Televisão Pública de Angola (TPA),
Rádio Nacional de Angola (RNA), Edições novembro e da Agência Angola Press
(Angop). No caso da TPA, saiu Hélder Manuel Bárber Dias dos Santos do cargo de
presidente do conselho de administração, além de Gonçalves Ihanjica e outros
cinco administradores executivos e dois não executivos.
A televisão
pública, criticada por observadores nacionais e internacionais pelo excesso de
cobertura dada à campanha eleitoral do MPLA, e de João Lourenço, é liderada
desde terça-feira por José Fernando Gonçalves Guerreiro.
Da empresa Edições
Novembro, que publica o Jornal de Angola, foi exonerado José Ribeiro do cargo
de presidente do Conselho de Administração, sendo este também diretor daquele
diário estatal e autor dos habituais editoriais críticos às alegadas
ingerências de Portugal em Angola, substituído nas funções por Victor Emanuel
Nelson da Silva.
Igualmente tida
como surpreendente foi a exoneração de Carlos Sumbula do cargo de presidente do
Conselho de Administração da Empresa Nacional de Diamantes de Angola (Endiama),
a segunda maior empresa nacional, e que já este ano tinha sido reconduzido nas
funções – que ocupava desde 2009 – por José Eduardo dos Santos.
Para controlar as
receitas do setor diamantífero, onde precisamente Isabel dos Santos e o marido,
Sindika Dokolo, têm vários interesses, o novo Presidente angolano colocou o
economista José Manuel Ganga Júnior, antigo diretor-geral da Sociedade Mineira
de Catoca, responsável por 75% da produção diamantífera anual do país.
Nos primeiros 50
dias de governação de João Lourenço foi ainda afastada a administração da
Empresa de Comercialização de Diamantes (Sodiam), nomeada em julho e que era
liderada por Beatriz Jacinto de Sousa, lugar ocupado agora por Eugénio Bravo da
Rosa. ANG/péroladasacacias.net
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